Apenas 10% dos municípios brasileiros possuem leitos de UTI

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou na última quarta-feira (12) um levantamento sobre o número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e sua distribuição pelo Brasil. Chama a atenção que menos de 10% dos municípios brasileiros possuem leitos de UTI.

Com o crescente envelhecimento da população, a maior sobrevida de pacientes acometidos por doenças crônicas e degenerativas e a epidemia de trauma da realidade contemporânea, a tendência é de que a necessidade de leitos de UTI só venha a aumentar.

O presidente da AMIB – Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Dr. Ciro Leite Mentes, comenta que apesar do progresso na implantação de leitos de UTI na última década, existe ainda uma deficiência a ser suplantada.

“Nós, da AMIB, endossamos a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) que diz que número desejável são 3 a 5 leitos hospitalares para cada mil habitantes, dos quais 4 a 10% deveriam ser de UTI. Entretanto, a necessidade de leitos em localidades menores não precisaria necessariamente obedecer a essa regra, porque a obrigatoriedade de leitos de UTI aplica-se apenas em estabelecimentos de saúde com mais de 100 leitos”, comenta o presidente.

A AMIB elenca ainda uma série de ações governamentais específicas que, caso implantadas, podem contribuir para enfrentar o desafio de falta de leitos de UTI no país.

1 – Aprimorar a rede de referências e contra-referências do sistema público de saúde: UTIs mais especializadas conseguiriam ser aliviadas dos pacientes críticos crônicos que comumente superlotam essas unidades e poderiam ser transferidos para unidades menos complexas.

2 – Regionalizar os cuidados especializados: As UTI mais especializadas e com maior volume de atendimento possuem melhor desempenho no aspecto prognóstico dos seus pacientes. Isso acontece inclusive para intervenções corriqueiras em unidades de terapia intensiva, como a ventilação pulmonar artificial. A medida só seria possível mediante a estruturação de redes regionais articuladas abrangendo as diversas unidades envolvidas e a criação de uma infraestrutura de transferência e transporte adequada entre elas.

3 – Terminalidade e cuidados ao final da vida: Implantar ações para mudar a cultura, tanto entre os leigos quanto entre os profissionais de saúde, em relação a conceitos de terminalidade e cuidados ao final da vida. Existe uma quantidade considerável de leitos ocupados por pacientes que não se beneficiam e padecem com os cuidados intensivos porque suas condições clínicas não permitem qualquer chance de recuperação e reintegração.

4 – Desospitalização: Promover condições para a desospitalização de pacientes crônicos, disponibilizando às famílias condições para que ofereçam os cuidados domiciliares necessários aos seus entes queridos.

Redação

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