Especialista ressalta importância da tecnologia de ponta para humanização da saúde

“A Saúde vive hoje um problema no mundo todo: esquecemo-nos do paciente, perdemos a dimensão humana e a tecnologia pode nos ajudar a recuperá-la”. A afirmação foi feita pelo cirurgião Rafael Grossmann, palestrante do Painel “Saúde Inteligente: tecnologia mudando a realidade”, promovido pela ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde na Feira Hospitalar, em São Paulo.

Primeiro cirurgião no mundo a transmitir uma operação ao vivo pela internet usando os óculos inteligentes Google Glass, Grossmann é considerado um visionário e futurista da saúde pela dedicação e experimentos com o desenvolvimento e uso de novas tecnologias.

Segundo ele, quando se fala em inovação em saúde, a questão a ser considerada não é a tecnologia em si, mas a maneira como é utilizada. “O uso inteligente da tecnologia nos ajuda a sermos cuidadores e médicos melhores. Porém, a ferramenta mais importante da Medicina é a empatia com o paciente, sentir o que o outro lado está sentindo, e a tecnologia pode nos ajudar nisso. O principal é nos tornarmos pessoas melhores por meio da tecnologia”, ressaltou.

Grossmann disse que, atualmente, bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a cirurgias e tratamentos seguros e citou vários exemplos de como soluções inovadoras já estão contribuindo para modificar esse cenário, principalmente em países de baixa renda. Um desses casos é o uso de drones como ambulâncias voadoras, para levar bolsas de sangue ou desfibriladores até áreas remotas.

Mencionou ainda uma cirurgia realizada em Londres com equipamento de Realidade Aumentada, que foi acompanhada por 55 mil estudantes e profissionais de saúde do mundo todo.

“A tecnologia hoje já possibilita que um cirurgião coloque sua mão na tela para simular a um médico distante onde realizar uma incisão e, assim, guiar com segurança uma cirurgia remota”, afirmou.

Disse ainda que, usando óculos de Realidade Aumentada e Realidade Virtual para tratamento de fobias, médicos já estão conseguindo reduzir em 50% o uso de ansiolíticos e narcóticos. E com óculos 4D já conseguem “passear” no interior de órgãos como o cérebro, antes de operar ou prescrever um tratamento.

No que diz respeito ao ensino da Medicina, Grossmann assinalou que o mundo ainda adota técnicas com dissecação de cadáveres que remontam aos séculos passados. Comparou essa prática com o que está ocorrendo na França, onde os cirurgiões utilizam equipamentos de Realidade Mista, combinando manequins com lentes holográficas, para ensinar seus alunos.

“Ainda ocorrem muitas mortes por falta de assistência que podem ser evitadas. Não devemos permitir que elas continuem ocorrendo”, destacou o cirurgião.

Rafael Grossmann

Rafael Grossmann nasceu em Caracas, Venezuela. Depois de fazer residência nos Estados Unidos, especializou-se em cirurgia geral, trauma, laparoscopia avançada e cirurgia robótica, que exerce no estado de Maine, onde vive.

Foi um dos primeiros exploradores mundiais do Google Glass, – os óculos inteligentes de realidade aumentada lançados pela empresa – e pioneiro em utilizá-lo ao vivo durante uma cirurgia.

Grossmann foi também, em diversas ocasiões, palestrante da TEDx, uma organização dedicada ao lema “ideias que merecem ser compartilhadas” e que mudam o mundo. Foi aluno e atualmente é professor da Singularity University e da Exponential Medicine, uma iniciativa desenvolvida pela instituição que reúne periodicamente professores, inovadores e organizações do mundo todo ligados à biomedicina e tecnologia para explorar e alavancar a convergência entre as novas tecnologias, com o objetivo de reinventar o futuro da saúde e da medicina.

Redação

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