Países assinam carta de compromissos para enfrentar o AVC na América Latina

Mais de 800 participantes – entre especialistas e gestores de saúde pública, estudantes e residentes, de 20 países e de 23 dos 26 estados brasileiros -, estiveram reunidos de 2 a 4 de agosto no 21° Congresso Ibero-americano de Doenças Cerebrovasculares, realizado em Gramado (RS).

O principal marco do congresso foi a realização, pela primeira vez em sua história, do Encontro Ministerial Latino-americano do AVC. Cerca de 52 representantes dos Ministérios de Saúde de 11 países da América Latina (Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai) reuniram-se no dia 2 de agosto para debater propostas e iniciativas para a redução do impacto do AVC na região. O encontro também contou com cinco convidados internacionais de entidades como World Stroke Organization, American Heart Association e American Stroke Association, e um total de 105 ouvintes.

O resultado do encontro foi a assinatura da “Carta de Gramado”, com intenções de cooperação internacional entre os países participantes. “Se as estratégias firmadas na Carta forem implementadas irão alterar positivamente o cenário do impacto do AVC em nossa região”, explica Dra. Sheila Martins, neurologista e presidente do XXI Congresso Ibero-americano de Doenças Cerebrovasculares, fundadora da Rede Brasil AVC e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares.

O próximo passo em relação ao encontro ministerial será encaminhar a “Carta de Gramado’’ para todos os países que a assinaram para que possam implementar as decisões estabelecidas e os tratamentos baseados em evidência. Haverá uma coordenação da Organização Pan-americana de Saúde que irá intermediar a cooperação internacional para oficialmente vincular os países no trabalho de combate ao avanço do AVC. O encontro contou com a presença do secretário Francisco Assis Figueiredo, da Secretária de Assistência à Saúde, que representou o Ministério da Saúde do Brasil, na assinatura da carta e no comprometimento de uma nova reunião para discutir as melhorias na assistência aos pacientes com AVC e aos poucos incluir as pendências existentes em procedimentos e afins para disponibilizar à população.

Na Carta, os países se comprometem em: promover um ambiente saudável, com o estímulo à prática da atividade física e alimentação balanceada, políticas de combate ao tabagismo e de redução de consumo de sal e bebida alcóolica; campanhas de conscientização da população para que reconheçam os sinais e saibam fazer prevenção; estruturação de unidades de AVC com implementação de tratamentos de fase aguda baseados em evidências, utilização de telemedicina para ampliar o acesso a especialistas, promoção do acesso a reabilitação; capacitação dos profissionais de saúde;  destino de recursos humanos e financeiros para a estruturação da linha de cuidado; além de um intercâmbio entre os países.

Também foi discutida a inclusão de novos tratamentos baseados em evidências, como a trombectomia, como procedimento padrão nos sistemas públicos de saúde, uma vez que a doença é uma das principais causas de morte e de incapacidade entre adultos. “O procedimento já está sendo avaliado em um estudo do Ministério da Saúde para verificar a viabilidade do tratamento nos hospitais públicos. A modificação no atendimento do AVC em nosso país poderá aumentar a qualidade de vida do paciente e reduzir custos hospitalares de internações e reabilitações, por exemplo”, ressalta a especialista.

XXI Congresso Ibero-americano de Doenças Cerebrovasculares

O Congresso Ibero-americano de Doenças Cerebrovasculares acontece uma vez ao ano e a sua 21ª edição aconteceu entre os dias 2 e 4 de agosto, na cidade de Gramado (RS), com a reunião de especialistas em doenças cerebrovasculares de 11 países da região ibero-americana (Portugal, Espanha e Américas) em uma programação científica que trouxe experiências, técnicas e tecnologias e as maiores inovações na área, a fim de discutir prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação das doenças cerebrovasculares.

O evento é tem a organização local da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares e da Rede Brasil AVC.

AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um problema de saúde que cresce em todo o mundo e também uma das principais causas de mortalidade e incapacidade. Estima-se que a cada ano, 17 milhões de pessoas sofram da doença e a cada seis segundos, uma pessoa morra por conta de um AVC, o que significa mais de 6 milhões de mortes por ano em todo o planeta.

No Brasil, os números também são alarmantes. Por aqui, são mais de 400 mil novos casos todos os anos e a cada cinco minutos, uma pessoa morre, totalizando mais de 100 mil mortes/ano. A doença é a principal causa de incapacidade em adultos e já foi a principal causa de morte no país, passando ser a segunda causa de morte desde 2011. O número, no entanto, poderia ser ainda maior se levarmos em conta que até 30% dos AVCs ocorrem em pessoas com outras doenças ou fatores de risco, como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas.

AVC em números no Brasil

·         Segunda maior causa de morte e principal causa de incapacidade;

·         1 minuto sem socorro pode causar a perda de 1,9 milhão de neurônios;

·         400 mil novos casos de AVC por ano;

·         Mais de 100 mil mortes por ano;

·         Mais de 50% dos pacientes necessitam de cuidados ao longo da vida devido a sequelas incapacitantes;

App AVC Brasil

A Rede AVC Brasil desenvolveu o aplicativo AVC Brasil para ajudar a população brasileira a encontrar informações importantes e indispensáveis sobre a doença e também para buscar socorro especializado em caso de AVC.

No aplicativo encontram-se orientações sobre práticas saudáveis que podem prevenir em até 90% a doença, há também uma relação de unidades especializadas para atendimento em casos de AVC, cadastradas em um raio de 200 km em que a pessoa se encontra (para isso a função localização deve estar ativada no celular). Além dessas funções, o aplicativo também disponibiliza três opções de ligação telefônica emergencial, sendo uma para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) 192 e outras duas opções que podem ser cadastradas pelo usuário, pois o atendimento em uma unidade de saúde estruturada para atender os casos de AVC é fundamental para salvar vidas.

Redação

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