Resultados de pesquisa realizada em Jundiaí ganham destaque em Congresso na Suécia

Dra. Maria de Fátima apresenta o tema Sífilis e vírus zika

Dois renomados médicos do Hospital Universitário de Jundiaí (SP) e professores da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), Prof. Dr. Saulo Duarte Passos, pediatra e infectologista, e a Profa. Dra. Maria de Fátima Rizzo, pediatra, foram convidados a apresentar os resultados da pesquisa “Infecção vertical pelo vírus zika e suas repercussões na área materno-infantil” – desenvolvida com 752 mulheres e 750 bebês de Jundiaí e região – durante o 36º Congresso Anual da Sociedade Europeia de Infectologia Pediátrica (conhecido como ESPID), realizado em Malmö, na Suécia. O evento ocorreu de 28 de maio a 02 de junho.

“Pudemos perceber o quanto o Brasil, especialmente a pesquisa que nós coordenamos, está adiantado em relação às pesquisas desenvolvidas a cerca do vírus zika. Os outros países têm grande interesse em saber tudo o que já foi descoberto para que possam prevenir que epidemias, como a que vivenciamos em novembro de 2015, possam chegar a seus países”, relata Dr. Passos.

Durante o evento, os médicos brasileiros apresentaram três trabalhos: “Pesquisa vírus zika – Coorte Jundiaí”; “Sífilis e o vírus zika”; e ”Más notícias em tempos de zika”. As temáticas foram expostas para uma plateia de 500 pessoas de todas as regiões do mundo. “Eu tive a oportunidade de expor o trabalho da Coorte Jundiaí e que está em andamento desde 2016. Acompanhamos a gestação das mães e agora o desenvolvimento dos bebês. Neste grupo, temos 33 crianças com microcefalia, sendo que três delas já têm relação comprovada com o vírus zika. Também abordei as más notícias em tempos de zika, que estão relacionadas à maneira adequada de passar a notícia sobre o zika positivo para os pais dos bebês ou como falar sobre o assunto com as mães ainda gestantes. Este trabalho é de autoria da enfermeira Maria Manoela Duarte Rodrigues. Já a Dra. Rizzo abordou a questão da sífilis e a relação com o vírus zika”, enumera o infectologista.

A pesquisa desenvolvida em Jundiaí e região capitou gestantes de alto risco, que passaram por atendimento médico no HU entre março 2016 e março de 2017. As grávidas passaram por exames e tiveram a gestação monitorada semanalmente. Aquelas que deram resultado positivo para o zika, realizaram exames de ultrassom 4D em clínica especializada em São Paulo. Este exame permite avaliar a circunferência craniana do feto com poucos meses de gestação. Agora, nesta segunda fase, o acompanhamento tem sido dedicado aos bebês.

“Hoje, além das mães e bebês monitorados desde a gestação, o projeto tem recebido crianças maiores com microcefalia para acompanhamento de nossa equipe multidisciplinar. Isso sinaliza maior preocupação social com o desenvolvimento destas crianças. Por outro lado, ainda temos a dificuldade de fazer com que mães que participaram na fase inicial do projeto, mantenham o acompanhamento de seus bebês, mesmo quando não há o diagnóstico de microcefalia”, lamenta o médico. “É fundamental manter o acompanhamento, pois nem todo bebê que teve contato com o vírus irá desenvolver microcefalia, já identificamos bebês com problemas neurológicos, na audição, visão e outras limitações. Quanto antes estes problemas são descobertos, maiores são as chances de reduzir o impacto para a qualidade de vida destas crianças”, conta o médico.

A pesquisa inclui o acompanhamento das crianças até os três primeiros anos de vida, portanto todo o trabalho só deve ser concluído em 2020.

Edição 2017 gerou convênio entre universidades

No ano passado, durante a 35ª edição da ESPID, realizada na Espanha, a pesquisa brasileira já tinha tido grande repercussão. Por esta razão, neste último ano, o projeto recebeu a visita de diversos pesquisadores internacionais. E, recentemente, rendeu convênio com a Universidade Autônoma de Barcelona, onde os residentes da Faculdade de Medicina de Jundiaí poderão realizar estágio, incluindo atividades no Hospital Vall d’Hebron.

“É o primeiro convênio internacional da FMJ e abre campo para o intercâmbio de estágio para professores, médicos, residentes e pesquisadores de todas as áreas”, enumera Dr. Passos. “Para a nossa pesquisa, este intercâmbio será excelente, pois nos dará a possibilidade de comparar dados das pesquisas realizadas lá e aqui, incluindo a possibilidade de checar os aspectos que são de fato da doença e também aqueles que são regionais”, comemora.

Redação

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