Samu terá retrocesso de 30 anos para prefeitura de São Paulo economizar apenas 0,08% do orçamento da Saúde

Com termos como “expansão” e “descentralização”, a Prefeitura de São Paulo está realizando um verdadeiro desmonte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de acordo com denúncias recebidas pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp). O plano da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) prevê que as 31 unidades modulares sejam extintas, deixando de respeitar a organização do serviço por pontos de maior prevalência de emergências traumáticas e clínicas, incorporando essas unidades a serviços de saúde afastados. A mudança poderá até dobrar o tempo-resposta das ambulâncias, essencial para salvar as vidas dos pacientes resgatados.

O custo mensal de cada base modular, com toda estrutura para apoio dos socorristas, é de R$ 20 mil/mês e o fechamento dessas unidades geraria uma falsa economia de R$ 620 mil/mês aos cofres públicos, o que equivale a apenas 0.08% do orçamento anual do município. “A prefeitura chama de descentralização do Samu, mas, na verdade, é um desmonte. Vão ser menos ambulâncias atendendo mais longe das ocorrências. O maior tempo de espera poderá resultar em mortes. A economia do município não deve custar a vida das pessoas”, diz­­ Gerson Salvador, diretor do Simesp.

Outra mudança imposta pela SMS é que o Samu será utilizado também para transferência de pacientes entre hospitais, descaracterizando a natureza do serviço e sobrecarregando os profissionais, o que impactará diretamente na diminuição de equipes disponíveis para atender aso chamados das emergências. Além disso, realocadas em outros serviços de saúde, algumas unidades do Samu passariam a funcionar apenas durante o dia, diminuindo ainda mais a disponibilidade de atendimento.

Os médicos do Samu alertam que os locais dentro dos serviços públicos são inadequados para o trabalho, não garantindo a temperatura adequada para os medicamentos e o local de saída para atender a ocorrência. “O início do Atendimento Pré-Hospitalar (APH) na cidade de São Paulo, no final da década de 1980, se deu em pequenas salas dentro de hospitais ao lado de necrotérios, da casa de máquinas, sem espaço para a saída de ambulâncias e para a higienização adequada. Com a retirada das unidades modulares, essa situação já está se repetindo e a cidade está regredindo 30 anos na assistência a quem mais precisa. A implementação do SAMU foi um grande avanço que será destruído pelo governo de Bruno Covas”, ressalta Salvador.

O Simesp encaminhou denúncia ao Ministério Público sobre o desmonte do Samu e participará de audiência pública na Câmara dos Vereadores, dia 27 de março.

Como é a base modular do Samu:

– Contêiners;
– 2 quartos;
– 2 banheiros com vestiários;
– Sala de refeição;
– Sala para limpeza;
– Sala para esterilização de materiais;
– Almoxarifado;
– Local de estacionamento apropriado para duas ambulâncias e moto;
– Área administrativa.

Redação

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