Artigo – Na saúde, não há fronteiras

A população brasileira percorre, em média, 155 quilômetros para acessar serviços de saúde de alta complexidade. Há localidades, mais distantes dos centros urbanos, em que essa distância salta para mais de 460 quilômetros, como acontece no interior do Amazonas ou de Roraima. Mais do que o trajeto ou o custo da viagem, é importante pensarmos em como isso afeta a chance de vida do paciente e a capacidade de resposta de hospitais públicos e privados.

Os dados, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são o alerta para um problema crônico de um país com dimensões continentais. A Telemedicina, regulamentada de forma emergencial durante a pandemia da Covid-19, ainda precisa fortalecer-se como aliada dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, dos 214 milhões de habitantes do nosso país, cerca de 50 milhões têm cobertura por plano, segundo levantamento mais recente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Isso só comprova a dimensão da demanda por tecnologia que teremos, muito em breve, na rede pública, especialmente nos serviços sob gestão dos próprios municípios. São Paulo, por exemplo, foi a primeira capital no Brasil a adotar a telemedicina de forma permanente no SUS, com integração de dados junto às Unidades Básicas. O último relatório da prefeitura indica que mais de 1 milhão de atendimentos por teleassistência já foram feitos pelo aplicativo e-SaúdeSP, sendo 82,6 mil pela central relacionada à Covid-19.

É esse tipo de avanço que precisa chegar ao Norte, ao Nordeste e a todas as regiões do Brasil. Há muitos desafios e gargalos a serem vencidos, como a ampliação do acesso à internet 5G e a própria infraestrutura para suporte médico. O país ainda concentra 60% dos seus especialistas nas regiões Sul e Sudeste, o que não impede que aproveitemos todo o nosso potencial para salvar vidas.

Na saúde, não há fronteiras. E grandes redes, como a do Hospital Mater Dei, já atendem comunidades por telemedicina em plena região amazônica. Quando poderíamos imaginar que uma aldeia receberia a atenção de uma equipe multidisciplinar à distância? Isso já acontece e os deslocamentos de pacientes por balsa ou avião se tornaram mais raros e assertivos.

A resolutividade da telemedicina já está mais do que comprovada. Agora, o próximo passo, com a regulamentação definitiva, é avançar em modelos que se adaptem às mais variadas realidades regionais, com participação de startups, governos, iniciativa privada e a sociedade como um todo. Limitações existem para serem vencidas e, no que depender da qualidade e da vontade dos profissionais que atuam no Brasil, o resultado será surpreendente.

 

 

 

 

Jihan Zoghbi é CEO da startup Dr. TIS

Redação

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