Avanços na medicina ampliam qualidade de vida de pacientes com Mal de Parkinson

Lentidão nos movimentos, tremores e rigidez muscular estão entre os sintomas mais conhecidos do Mal de Parkinson, doença que afeta principalmente idosos, mas que também pode atingir a população mais jovem.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial com mais de 65 anos é portadora da doença, indicando que mais de 4 milhões de pessoas vivem com o Mal de Parkinson no mundo atualmente.

“Com o aumento da expectativa de vida da população, a estimativa é de que esse número dobre pelos próximos 20 anos”, destaca o Dr. Nilton Lara, neurocirurgião da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Parkinson é uma doença progressiva do sistema neurológico que afeta principalmente o cérebro. Com a evolução do quadro, alterações cognitivas e comportamentais tendem a impactar severamente o dia a dia dos pacientes.

O médico ressalta que, embora o Parkinson não tenha cura, atualmente a medicina conta com diversos recursos que contribuem para diminuir sintomas significativos da doença.

“Com o tratamento adequado, é possível devolver ao paciente mais autonomia, fazendo com que ele tenha qualidade de vida por mais tempo”, explica.

De acordo com o Dr. Nilton, o tratamento com medicamentos costuma trazer ótimos resultados em pacientes por um período de 5 a 10 anos.

No entanto, ao longo do tempo, os remédios começam a causar efeitos colaterais que podem ser mais prejudiciais que os próprios sintomas da doença. “Esse é o melhor momento para realizar a cirurgia”, afirma.

Como funciona a cirurgia

A cirurgia consiste no implante de eletrodos em pontos específicos do cérebro, conectados a um neuroestimulador. “Ele funciona como um marca-passo, trata-se de um equipamento muito pequeno implantado sob a pele na região abdominal ou abaixo da clavícula”, explica o médico.

Ele destaca que o procedimento é pouco invasivo e pode ser executado sob sedação, permitindo rápida recuperação. A partir daí, o implante é regulado progressivamente e leva cerca de 3 meses para chegar ao ponto de estimulação máximo.

“A estimulação diminui os sintomas motores, o tremor, a rigidez e os movimentos involuntários, além de reduzir os problemas com equilíbrio, a marcha e a fala, levando o paciente a adquirir mais independência para se locomover e se comunicar”, complementa.

Esses foram alguns dos benefícios obtidos pelo paciente do Dr. Nilton, Lucas, 57, que realizou a cirurgia quando já apresentava sintomas altamente incapacitantes.

Diagnosticado aos 42 anos de idade, a doença evoluiu muito ao longo dos anos, comprometendo suas funções motoras e cognitivas. “Ele tinha muitos tremores, rigidez, marcha comprometida e perda da qualidade vocal, além de sofrer com insônia e depressão”, conta Josiane, esposa de Lucas.

Depois de realizar o implante com o neuroestimulador, o paciente afirma ter percebido melhoras importantes logo nos primeiros dias. “Voltei a ter mais qualidade de vida, consigo ser mais independente e tenho minha capacidade intelectual preservada. Se não tivesse feito a cirurgia, estaria fisicamente dependendo de um cuidador.”

O médico ressalta que o apoio de uma equipe multidisciplinar também é muito importante para a melhora na qualidade de vida do paciente, como no caso de Lucas, que faz acompanhamento com especialistas, como fonoaudiólogos e fisioterapeutas.

“Esse suporte faz toda a diferença, pois as terapias de reabilitação ajudam a potencializar os resultados e, principalmente, ampliar o bem-estar do paciente”, destaca o especialista. “Hoje sou uma pessoa muito grata pela oportunidade de ter feito essa cirurgia. O meu único desejo é ter uma vida longa com essa atual qualidade de vida. Tenho muitos planos e sonhos, e agora sei que consigo realizá-los”, finaliza o paciente.

Redação

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