Qual o reflexo da pandemia sobre o diagnóstico e tratamento do câncer de mama e o que o Brasil aprendeu nos últimos anos sobre os programas de rastreamento da doença? Como as estratégias bem sucedidas em outros países e as novidades no enfrentamento do problema podem ajudar a melhorar os números no país? Estes são alguns dos assuntos debatidos no 23º Congresso Brasileiro de Mastologia, que inicia nesta quarta-feira (7) e vai até sábado (10), com a participação de 28 especialistas internacionais, o maior número já reunido em um evento nacional sobre o tema. A coordenação desta primeira edição exclusivamente virtual é da regional de Santa Catarina da Sociedade Brasileira de Mastologia.
“A pandemia causou a suspensão do congresso presencial, que seria em abril do ano passado, em Florianópolis. A mesma pandemia também tem levado a uma preocupante diminuição na realização de exames para diagnóstico de câncer de mama, além de aumentar os obstáculos do acesso ao tratamento, num momento em que toda atenção está voltada para o combate à Covid-19”, apontou a médica Adriana Freitas, presidente do congresso e da Sociedade Catarinense de Mastologia. No ano passado, estima-se que 75% das mulheres deixaram de fazer seus exames de rotina. “A duração da pandemia agrava um cenário que já era bem difícil e sabemos que estratégias deverão ser elaboraras para o enfrentamento desta condição”, completou.
Uma das inovações desta edição do congresso é a possibilidade de debates integrando os mais renomados palestrantes internacionais e nacionais, de diversas especialidades. Serão discutidas, por exemplo, estratégias de países como a Índia, que podem diminuir a mortalidade por câncer de mama em países de menor renda, como Brasil. Também será debatido o aumento do número de casos entre mulheres jovens, com menos de 40 anos. “Queremos ouvir todos os argumentos e ver o que se aplica à realidade brasileira”, explicou o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Vilmar Marques de Oliveira.
Os principais avanços tecnológicos no tratamento e novos medicamentos também estão em destaque. Além da troca de conhecimentos sobre o que há de mais atual no combate à doença, o congresso tratará ainda da viabilidade destas estratégias serem incorporadas pelo SUS no tratamento gratuito da população brasileira. Os estudos sobre a genética como uma das causas do câncer de mama será outro ponto importante do 23º Congresso Brasileiro de Mastologia, que tem público recorde de 2 mil inscritos. “A comunidade internacional colocou o evento entre os principais do mundo neste tema e mesmo profissionais de outros países querem acompanhar as discussões”, revelou Adriana Freitas.
MOVIMENTO ROSA
Exemplo de ação que une iniciativa privada e saúde pública, a campanha Movimento Rosa, realizada pela Sociedade Catarinense de Mastologia, será um dos cases do congresso. Realizada de outubro de 2020 a março de 2021, ofereceu, gratuitamente, dos exames preventivos até o tratamento completo do câncer de mama em mulheres com mais de 40 anos, nos municípios da Grande Florianópolis, Joinville, Blumenau, Chapecó, Lages, Itajaí, Criciúma, Tubarão e Mafra.
O Movimento Rosa teve como foco mulheres de baixa renda. Como resultado da campanha foram feitas 960 mamografias, 915 consultas, 91 ultrassonografias e outros exames, 21 biópsias e 10 cirurgias. Todo o atendimento foi realizado em laboratórios, clínicas e hospitais da rede privada, que fizeram parceria com a Sociedade Catarinense de Mastologia. “Em um ano cheio de dificuldades como este, os resultados foram altamente positivos e animadores. Gostaríamos de ver esta ideia se expandir para além de Santa Catarina”, avaliou Adriana Freitas.
Veja programação completa aqui: mastologia2021.com.br