Eletrodos cardíacos são sensores que captam a atividade na superfície de pele e fornecem informações sobre os batimentos do coração no exame conhecido como eletrocardiograma (ECG). A startup Scinntech (que está incubada no Cietec), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas e a Divisão de Bioengenharia do Instituto do Coração (InCor) estão juntos em um projeto para criar uma solução vestível (manta) destinada à aquisição destes sinais biomédicos em ECGs.
A colaboração entre o IPT e o grupo do InCor teve início em 2016 com a ideia de desenvolver uma veste com cerca de 64 eletrodos; posteriormente, a Scinntech entrou no projeto e alterou o objetivo preliminar: partiu-se para a integração de uma manta vestível com captação de dados e Internet das Coisas (IoT), sob a premissa de uma tecnologia inovadora de sensores.
“Estão em avaliação os materiais que poderão ser utilizados. Toda a infraestrutura para o desenvolvimento dos protótipos já está disponível no IPT: a ‘estrela’ é uma impressora serigráfica semiautomatizada de alta precisão – de uma forma simplificada, é como produzir uma camiseta por meio do processo de impressão. Para o projeto, isso será feito por meio da deposição de pastas (tintas) com propriedades elétricas”, explica Mario Ricardo Gongora Rubio, pesquisador do laboratório do IPT.
O paciente recebe em um exame habitual uma quantidade de eletrodos que o conectam, através de cabos, ao eletrocardiógrafo. Os dispositivos captam os sinais elétricos do coração, e estes são processados e registrados em gráficos. “A proposta do projeto é criar uma manta na qual estarão ‘impressos’ os eletrodos e as trilhas, incluindo uma eletrônica embarcada para fazer a transmissão dos sinais via Bluetooth a serem recuperados no computador”, afirma Houari Cobas, coordenador do projeto e CEO da Scinntech.
BENEFÍCIOS – Para conhecer os problemas enfrentados durante a execução de um exame de eletrocardiograma e as contribuições que os envolvidos esperam, Cobas entrevistou médicos, enfermeiros e técnicos: um dos principais problemas mencionados se refere aos cabos que conectam os eletrodos ao eletrocardiógrafo. Quando eles se movimentam, são conectados de modo errôneo ou se rompem, a qualidade do sinal é comprometida e, consequentemente, o próprio diagnóstico.
A conexão física entre o paciente e o aparelho chega até mesmo a dificultar a mobilidade – algumas pessoas chegam a permanecer no hospital por períodos mais longos, e uma solução sem fios traria mais conforto para uso.
“Uma das principais vantagens da solução vestível será a possibilidade de colocar um número maior de eletrodos. O InCor quer monitorar algumas doenças cardiovasculares que necessitam de um maior número de sensores para um diagnóstico mais preciso – com a menor quantidade de eletrodos nos exames feitos habitualmente hoje, dificulta-se o diagnóstico de algumas doenças cardiovasculares”, explica Cobas. Uma das opções disponíveis atualmente é o mapeamento de biopotenciais em alta densidade do torso, mas o alto custo dificulta a sua difusão.