As despesas com terapias foram as que mais cresceram no setor de saúde suplementar em 2018. A alta foi de 31,3% segundo o Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O grupo de procedimentos engloba serviços como hemoterapia, litotripsia extracorpórea, quimioterapia, radiologia intervencionista, radioterapia, terapia renal, fisioterapia etc.
José Cechin, superintendente executivo do IESS, explica que grande parte deste aumento está relacionado à incorporação de novas tecnologias, ou seja, medicamentos, procedimentos e aparelhos para os tratamentos. Por outro lado, deixa claro que esse não é necessariamente um processo negativo. “Nós desejamos a incorporação de tecnologia e sonhamos com ela, inclusive as que nem existem hoje, mas temos que entender que elas têm um custo, despesas muito mais altas que as atuais”, pondera.
O executivo aponta que as medicações antineoplásicas orais dadas em meio ambulatorial, por exemplo, são extraordinárias para as pessoas que têm uma doença grave e necessitam desse medicamento, especialmente porque além de eficazes não têm um efeito colateral tão grave quanto outros tratamentos. “O custo desse tipo de tratamento, claro, o setor está preparado para pagar. Já que é algo tão positivo”, afirma. Contudo, Cechin destaca que nem todas as novas tecnologias se enquadram nesta realidade, sendo que muitas não acrescentam benefícios para o paciente em qualidade de vida ou de melhora no desfecho clínico. “Para evitar que apenas tenhamos um aumento de gastos sem retorno para os beneficiários tratados, precisamos de critérios mais claros de incorporação de novas tecnologias”, alerta.
Cechin ainda pondera que é fundamental combater aumentos de despesas desnecessárias porque, em última análise, elas pesam na conta para os beneficiários, tornando o acesso aos planos de saúde mais caro. “Os avanços de custo sem necessidade se refletem, em parte, em aumento de mensalidade na época dos reajustes de planos de saúde, o que não interessa para ninguém”, opina. “Nem para a operadora que está tendo aumento de despesas sem entregar um serviço necessariamente de mais qualidade, nem para a população que terá mais dificuldade em arcar com o plano, que é um dos 3 maiores sonhos do brasileiro”, completa. De acordo com pesquisa do Ibope, o plano de saúde é o terceiro maior desejo da população, atrás apenas da casa própria e educação.
Além dos custos de Terapias, o VCMH/IESS também registrou avanço nas despesas com Serviços Ambulatoriais (+19,7%), Internações (+16,5%), Consultas (12,3%) e Exames (+9,9%).
No total, as despesas assistenciais per capita de operadoras de saúde com os beneficiários de planos médico-hospitalares voltaram a acelerar e encerraram 2018 com alta de 17,3% Em relação a 2017, o VCMH registrou avanço de 0,8 ponto porcentual.