Foi publicada no Diário Oficial da União, em 22 de fevereiro, resolução da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária que dispõe sobre Boas Práticas em Células Humanas para Uso Terapêutico e em Pesquisa Clínica. O que significa dizer que empresas e instituições de pesquisa devem seguir, a partir de agora, regras claras para estabelecer padrões técnicos e de qualidade para obtenção, processamento e fornecimento de células humanas voltadas para o uso de terapias e pesquisas clínicas.
“Este fato é um marco para a saúde do Brasil e qualidade de vida da população já que preenche uma lacuna na nossa regulamentação, principalmente no desenvolvimento de terapias celulares avançadas”, explica o cientista José Ricardo Muniz Ferreira, presidente da R-Crio Criogenia S/A. Segundo ele, a medida deverá aumentar a velocidade das pesquisas no Brasil e o aumento de investimentos. “As regras agora estão claras. O padrão de trabalho nessa área está estabelecido e a saúde da população tende a ganhar”, diz.
Quando falamos em células humanas, automaticamente nos referimos às células-tronco. Mas, afinal, o que elas são? São células que ainda não passaram pelo processo de diferenciação celular, têm a capacidade de se dividir dando origem a células semelhantes às originais e podem se transformar em distintos tipos celulares, ou seja, dar origem a outros tecidos do organismo humano como ossos, nervos, músculos, sangue, por exemplo. “Elas já estão sendo usadas, por exemplo, em fissuras ósseas, reconstrução de lábio leporino, regeneração da córnea, enxerto em queimaduras de terceiro grau e estão com pesquisa avançada em regeneração cardíaca, tratamento de câncer, do diabetes, de Alzheimer, Mal de Parkinson, lesão na medula, artrite, entre outros”, revela Ferreira. De acordo com o cientista, os resultados são muito animadores sendo que há estudos em praticamente todas as áreas da medicina.
“Um fator que agora cada vez faz e fará mais diferença na qualidade das regenerações é também a qualidade deste tipo de célula. Para tal, descobrimos que o dente de leite guarda um verdadeiro tesouro: células-tronco jovens e de alta propriedade”, informa Ferreira. Ele explica que as células-tronco contidas nele, do tipo mesenquimal, são as que podem regenerar, com perfeição, praticamente todos os tecidos do corpo humano. “E isso é um orgulho para o Brasil, pois estamos à frente do resto do mundo nessa questão. Foi aqui que estudamos e aprimoramos a técnica, sendo agora possível disponibilizar à população. É a ação real de armazenar as células com a garantia de que estarão com sua capacidade preservada. Esse é um grande diferencial em relação ao mercado e, principalmente, à segurança de sucesso nos resultados”, explica o cientista.
Sobre a resolução da ANVISA, ele assegura que foi um grande avanço para prevenir e tratar doenças de forma mais rápida e efetiva, além de proporcionar uma melhor qualidade de vida. “Não basta viver muito; temos de viver com superior qualidade de vida. As crianças que tiverem as células-tronco de seus dentes de leite guardadas e preservadas certamente viverão de forma plena, com mais saúde e bem-estar”, finaliza, de forma otimista, o cientista José Ricardo Muniz Ferreira.