Uberlândia (MG) foi uma das primeiras cidades do Brasil a realizar a “cirurgia bariátrica endoscópica”, um procedimento feito integralmente por endoscopia, sem cortes, com recuperação imediata e alta no mesmo dia. O procedimento é considerado pela classe médica mundial como uma das maiores revoluções para o tratamento da obesidade, haja vista que a obesidade é um grande problema de saúde pública.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o número de cirurgias bariátricas no Brasil aumentou 7,5% em 2016, se comparado com o ano de 2015. Em 2016, foram realizados cerca de 100 mil procedimentos. No ano anterior foram aproximadamente 93,5 mil cirurgias.
Em Uberlândia e interior de Minas Gerais, os especialistas aptos a realizar o procedimento, são os médicos da Clínica LEV, Luís Augusto Mattar e José Américo Gomides de Sousa, que fizeram sua habilitação no centro de treinamento do IRCAD em Estrasburgo, cidade da região leste da França.
Segundo o cirurgião bariátrico Luís Augusto Mattar, o procedimento é feito com uso de um dispositivo chamado OverStich, que é acoplado a um endoscópio flexível com câmera de alta resolução. O OverStich é inserido através da boca do paciente até chegar ao estômago. “O órgão tem seu formato reduzido por suturas que formam pregas, reduzindo o volume interior. O procedimento é parecido com a endoscopia normal e a redução do estomago é de até 60%”, explica o especialista.
O médico José Américo Gomides de Sousa, ressaltou que o OverStich é um material descartável, de uso individual e único, sendo descartado após o procedimento. “O procedimento é indicado para pessoas com obesidade leve. Por ser menos invasivo, representa um grande passo no combate à obesidade, principalmente nestes casos de obesidade leve em que não há indicação de cirurgia. Como a cirurgia é indicada para casos mais graves de obesidade, os pacientes que não possuíam indicação de cirurgia tinham poucas opções de tratamento. Como não há nenhuma incisão, a dor é reduzida e não deixa nenhuma cicatriz. O procedimento ainda não está disponível por convênios médicos, mas a expectativa é que a inovação se torne realidade no futuro”, esclarece.
O Brasil é considerado o segundo país do mundo em número de cirurgias realizadas e as mulheres representam 76% dos pacientes que fazem a redução de estômago no país. Além de indicado para o tratamento primário da obesidade, esta técnica endoscópica também pode ser empregada com resultados promissores no tratamento de pacientes operados anteriormente por meio de técnicas convencionais e que voltaram a ganhar peso. Estima-se que 20 a 30% das pessoas submetidas a cirurgia bariátrica voltam a engordar.
No dia 7 de agosto de 2017, o gerente de vendas Marco Túlio Gomes, 53 anos, realizou o procedimento, quando pesava 117 quilos. Ele contou que já perdeu 12kg e que durante o processo passou por um acompanhamento com psicólogos e nutricionistas. Há 20 anos ele fez uma cirurgia de bypass gástrico convencional, ocasião em que pesava 160 quilos. Porém há pouco tempo voltou a ganhar peso. “Quando fiz, naquela época, fiquei 60 dias afastado do trabalho, sentia dor e não conseguia nem dirigir. Com esse novo procedimento, nem parece que fiz, porque é indolor, menos agressivo e ainda por cima não deixa cicatriz, com três dias já estava fazendo caminhada”, afirma.