Nessa quarta-feira (8) foi realizado dentro da FCE Pharma, pelo segundo ano consecutivo, o We Need To Talk About Cannabis (WNTC). Este ano, o congresso – que tem como objetivo debater e impulsionar o mercado de cannabis medicinal no país – discutiu a legislação brasileira, dados de mercado, a importância de testes clínicos e o recente entendimento regulatório da ANVISA sobre a possibilidade de produção de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) de cannabis no país. Na abertura do evento, o vice-presidente da NürnbergMesse Brasil, Diego de Carvalho, falou da importância do congresso. “Estamos trazendo para debate, de forma extremamente consciente, um tema de extrema relevância para o mercado farmacêutico e para o médico brasileiro”, afirmou.
Entre os destaques, a palestra “Impactos no Setor com o Avanço da Legislação”, que teve entre as palestrantes Alessandra Bastos, executive business da Tavares Office Legal IP, e ex-diretora da Anvisa. No painel, discussões sobre os benefícios da cannabis medicinal para os pacientes, a judicialização para acesso ao insumo e o impacto econômico do setor para o Brasil. Além da ampliação de empregos no segmento e a necessidade de novos avanços legislativos e regulatórios.
“Quando nós temos uma regra clara, que vem da autoridade sanitária do país, no caso, a Anvisa, vemos um setor organizado, com critérios sanitários que vão nortear tanto a fabricação, como a distribuição e a comercialização. E nisso a gente inclui a comunicação desses produtos não apenas para os pacientes como para todos que compõem esse mercado”, afirma Alessandra. “É fundamental que a agência faça a revisão da norma para que os ajustes necessários venham através da regra e para que o mercado se estabeleça de forma robusta e positiva, impedindo, principalmente, que os produtos ilegais ou de baixa qualidade circulem no país”, acrescenta.
Para a espectadora Bruna Colhado, médica-veterinária, desenvolvedora de novos produtos na empresa Vetnil, o debate foi essencial para atualizar seu conhecimento sobre a legislação da cannabis dentro da Anvisa. “Foi importante entender como a Agência de Vigilância Sanitária enxerga esse segmento e quais os principais desafios frente ao mercado ilegal de cannabis. Esse debate nos dá força para procurar instituições confiáveis para a prescrição do ativo e, assim, oferecer segurança aos pacientes”, comenta.
Os desafios da pesquisa clínica no Brasil foi outro tema abordado no congresso. A especialista em radiologia e diagnóstico por imagem, e fundadora da Sativa Global Education, Paula Dall Stella (CRM 128122), enfatizou que as maiores dificuldades são encontradas na formação de médicos. “Nós não temos a cannabis medicinal na grade curricular das universidades. A própria fomentação da pesquisa científica dentro das instituições é limitada. Muitos países ainda consideram a cannabis um narcótico e, por isso, comitês de ética das universidades acabam não aprovando estudos relacionados à cannabis nesses lugares”, afirma.
O We Need To Talk About Cannabis contou com seis palestras realizadas durante o segundo dia da FCE Pharma. O evento ocorreu das 13h às 20h, no São Paulo Expo, na capital paulista.