Estudo aponta novo paradigma para pacientes que usam cateter urinário

A falta de acessibilidade e a mobilidade reduzida, são os aspectos mais visíveis dos desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência. Porém, há fatores menos conhecidos que impactam significativamente a saúde e o bem-estar dessas pessoas.

A recorrência de Infecções do Trato Urinário (ITUs) é um dos principais problemas enfrentados por pessoas com disfunções miccionais, que fazem uso de cateteres urinários. A utilização de produtos e técnicas adequadas é essencial para melhorar a rotina desses pacientes.

Um estudo recente traz um novo paradigma sobre os insumos utilizados nesse processo, que pode contribuir para reduzir a quantidade de ITUs sofridas por essas pessoas. O levantamento foi apresentado pela primeira vez no país para profissionais de saúde durante o 2º Congresso Paulista de Estomaterapia no dia 28 de setembro.

Os cateteres são como pequenos “canos” que precisam ser inseridos na uretra. Para que entrem com mais facilidade são usados produtos específicos. Há dois tipos no mercado, o pré-lubrificado e o hidrofílico. E a análise científica demonstrou que há diferença na ocorrência de ITUs de acordo com o tipo de produto usado no cateter, uma informação inovadora.

Analisando dados de mais de 5 mil pacientes do Reino Unido, que utilizaram cateteres intermitentes, o estudo apontou que os pacientes que usaram cateteres pré-lubrificados tinham significativamente menos ITUs do que o grupo que havia utilizado o cateter hidrofílico. Entre os que utilizaram o pré-lubrificado, a ocorrência de ITUs foi de 0.9 em média por paciente. Já entre os que utilizavam o hidrofílico, chegou a 1.3 em média. A conclusão dos especialistas é que essas são diferenças significativas.

O estudo apontou ainda que 44.6% dos pacientes que utilizaram cateter pré-lubrificado tiveram ao menos uma ITU. Já entre os que utilizavam o hidrofílico, o número chegou a 55%.

“As disfunções miccionais atingem pessoas com as mais variadas lesões medulares, como paraplégicos e pessoas com espinha bífida. O uso dos cateteres é um elemento importante para conferir dignidade e conforto para essas pessoas não precisarem recorrer a fraldas, por exemplo. No entanto, precisamos avançar cada vez mais para que esse uso seja seguro e reduzir o risco de infecções. Os cateteres hidrofílicos são hoje vistos como os padrões para muitos profissionais, mas o estudo aponta as vantagens de usarmos o pré-lubrificado”, explica o urologista Fabrício Carrerette.

O estudo ‘Sintomas sugestivos de infecções do trato urinário em usuário de cateter vesical intermitente: Evidência de mundo real (RWE) baseada em dados de pacientes do Reino Unido’, foi desenvolvido pela Universidade de Sorbonne e o Hospital da Salpêtrière, ambos na França, e patrocinado pela B. Braun, empresa multinacional líder no segmento médico-hospitalar. O levantamento foi apresentado na edição deste ano do Congresso da União Europeia de Urologia (EAU 21).

Redação

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