Todos os dias uma média de 38 suicídios são registrados no Brasil. Por ano, são aproximadamente 14 mil casos. Os números preocupam as autoridades de saúde e foram revelados na última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O que se sabe é que praticamente 100% de todos os casos estavam relacionados a doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. E a maioria das mortes poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.
Pra evitar que esses números cresçam, já que o suicídio ainda é uma triste realidade, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) realiza anualmente a campanha Setembro Amarelo. Pegando carona nesse mês que é de conscientização acerca do tema, a Liga Acadêmica de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Jaú realiza o Simpósio de Prevenção ao Suicídio. O evento será na segunda-feira (5), no Auditório Pitangueiras, a partir das 18h.
Trata-se de uma atividade de extensão presencial e que tem como principal público-alvo acadêmicos e interessados. O foco principal dos temas a serem debatidos é a psiquiatria na medicina generalista, tendo em vista a grande necessidade de médicos atenderem a demanda de pacientes com ideação e tentativas de suicídio. Os temas que serão abordados são os seguintes: identificação de sinais e condutas a paciente suicidas; fatores de risco e prevenção; e posvenção do paciente suicida.
De acordo com a professora da Faculdade de Medicina, a psicóloga Ana Paula Gasparotto Paleari, a necessidade de realizar eventos como esse, “não destinados somente aos acadêmicos da universidade, mas que tenham um alcance amplo e abrangente, se faz inicialmente por ser um tema tabu”.
“Por muito tempo, por razões religiosas, morais e culturais, o suicídio foi e ainda é pra muita gente, considerado um grande ‘pecado’, talvez o pior deles. Por esta razão, ainda temos medo e vergonha de falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública. Tal motivo, assim como a dificuldade em buscar ajuda, a falta de conhecimento e de atenção sobre o assunto por parte dos profissionais de saúde, e a ideia errônea de que o comportamento suicida não é um evento frequente, contribuem com barreiras para a prevenção. Lutar contra esse tabu é fundamental para que a prevenção seja bem-sucedida e o paciente suicida seja compreendido em seu sofrimento e em sua escolha de vida”, explica.
Segundo a OMS, o suicídio continua sendo uma das principais causas de morte no mundo, sendo responsável por uma em cada 100 mortes. O estigma, os recursos limitados e a falta de conscientização continuam sendo as principais barreiras para a busca de ajuda quando se faz necessária, destacando a necessidade de alfabetização em saúde mental.
Programação
Na segunda-feira, a programação começa às 18h com apresentação. Às 18h15, a psiquiatra Dra. Vivian Irusta vai proferir a palestra “psiquiatria na medicina generalista: posvenção de paciente suicida, um risco latente”. Às 19h, os fatores de risco e prevenção do suicídio serão tema da palestra da psicóloga Camila Beltrame Benedicto dos Santos. E às 20h05, o psiquiatra Daniel Ferreira Manzo abordará a identificação de sinais e condutas a pacientes suicidas.
Inscrições abertas
As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no site clicando neste link até o meio dia do dia 5 de setembro. A organização pede para que o interessado leve um quilo de alimento não perecível, para que seja destinado à Associação Thereza Perlatti de Jaú. É o hospital psiquiátrico de Jaú que recebe alunos da Unoeste para estagiarem e realizarem atividades extras.
“Esperamos que, ao final do evento, a comunidade acadêmica e demais participantes do simpósio tomem nota sobre as questões que permeiam o suicídio e tenham repertório ao se depararem com pacientes necessitados de atendimento especializado nesse sentido. Almejamos que os canais e formas de prevenção sejam conhecidos e estimulados a serem informados pelos ouvintes do Simpósio à população geral”, conclui a professora Ana Paula Gasparotto Paleari.