Neuro 22, Congresso Brasileiro de Neurologia, abre pela primeira vez painel sobre cannabis medicinal

De 21 a 24 de setembro será realizado o Congresso Brasileiro de Neurologia, Neuro 22, em Fortaleza (CE). Em formato híbrido, com a participação presencial e online de quatro mil neurologistas. Momento tradicional da classe médica para discutir inovações, cases e tendências, pela primeira vez o Congresso terá um painel presencial – Canabinoides em neurologia: existem evidências para seu uso? – dedicado aos avanços da cannabis medicinal, com a participação de médicos e cientistas que vão apresentar estudos (cases, evidências, pesquisas clínicas?), focados nas substâncias da planta.

A organização do Neuro 22 convidou o Dr. Flávio Henrique de Rezende Costa, mestre e doutor em Neurologia pela UFRJ, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFRJ e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia. O neurologista, que também é membro do GPeCAP/UFRJ (Grupo de Pesquisa da Cannabis no Parkinson) – formado por pesquisadores que acompanham mais de uma centena de pacientes parkinsonianos, falará sobre as “Evidências dos canabinoides nos transtornos do movimento”.

“Fiquei muito honrado com o convite e acredito que esse tema é hoje um dos mais relevantes para a neurologia. Nos principais centros de pesquisas do mundo, o estudo dos fitocanabinoides é uma realidade, com uma produção científica em evolução. Nos últimos anos assistimos a aumento exponencial de pesquisadores que focam nos benefícios dos fitocanabinoides”, diz o neurologista.

Dr. Flávio já produziu mais de 60 artigos em periódicos, destacando suas ultimas publicações: “Regulamentação dos fitocanabinoides na América do Norte e no Brasil” no Medscape e o “Uso do Canabidiol e Canabigerol na Doença de Parkinson” no EC Neurology, e explica que atualmente os fitocanabinoides apresentam resultados positivos, principalmente nos sintomas não motores, como insônia, ansiedade e dor.

“Há também um potencial papel da cannabis na redução da quantidade de medicações que os pacientes habitualmente fazem uso como sedativos, antidepressivos e neurolépticos”, comenta o neurologista. Além da medicina e da carreira acadêmica, Flávio também é diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Health Meds, indústria farmacêutica brasileira especializada em medicamentos à base de canabinóides.

Confira quem participa do painel, dia 22/09, das 8h às 10h:

Moderador: George Linard Silva Malveira (CE)

  • Abertura: Sistema endocanabinoide e a relação dos canabinoides com sua barreira hematoencefálica
  • Uso na Epilepsia – Luiz Henrique Martins Castro (SP)
  • Cefaleia e canabinoides – Alexandre Ottoni Kaup (SP)
  • Evidências nos transtornos do movimento – Flávio Henrique de Rezende Costa (RJ)
  • Canabinoides e os transtornos do sono – Carlos Maurício Oliveira de Almeida (AM)
  • Evidências de uso na cognição – Marcia Lorena Fagundes Chaves (RS)
  • Análise crítica overview do uso no dia a dia – Vitor Tumas (SP)

Entenda a Cannabis Medicinal

A cannabis medicinal possui mais de 480 substâncias químicas, sendo que 150 destes compostos, denominados fitocanabinoides, são os mais estudados, com o THC (Tetrahidrocanabinol), o CBD (Canabidiol) e o CBG (Canabigerol). Eles são capazes de ativar receptores canabinoides (CB1 e CB2) em diversos tecidos dos nervos periféricos, Sistema Nervoso Central (SNC) e sistema imunológico. Esse funcionamento complexo é responsável por uma série de funções fisiológicas, incluindo a memória, o humor, o controle motor, o comportamento alimentar, o sono, a imunidade e a dor.

Com base em estudos variados em fase II, fase III ou observacionais, as principais indicações para o uso de produtos de cannabis são ansiedade, demência com agitação, distúrbios do sono secundários a doença neurológica, doença de Parkinson (sintomas não-motores), dor crônica, epilepsia farmacorresistente, esclerose múltipla (sintomas urinários, dores, espasticidade), esquizofrenia, síndrome de estresse pós-traumático e Síndrome de Tourette.

Redação

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