A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) – Núcleo de Estudos (NE) Violência contra Crianças e Adolescentes – e Câmara Municipal de São Paulo promoveram, no dia 4 de dezembro, o 15º Fórum Paulista de Prevenção de Acidentes e Combate à Violência contra Crianças e Adolescentes, que teve quatro módulos de discussão sobre os mais variados temas, com a presença de renomados palestrantes e debatedores.
Durante a abertura do evento, Renata Waksman, vice-presidente da SPSP e coordenadora do NE Violência contra Crianças e Adolescentes da SPSP, salientou que o fórum é um espaço importante para discutir e refletir as principais estratégias na suspeita, identificação e na abordagem das situações de risco dos eventos intencionais (violência) e não intencionais (acidentes) contra crianças e adolescentes. “Esses eventos, que continuam representando a primeira causa de morte na população pediátrica a partir de um ano de vida, podem e devem ser combatidos e prevenidos, sendo urgente que adotemos medidas como ouvir, educar, informar, orientar, oferecer ajuda, acolher, proteger e nos mobilizar”, enfatizou.
Conteúdo das apresentações
No primeiro módulo do evento, que debateu o tema “Abuso Sexual”, moderado pelo ginecologista Théo Lerner, membro do NE Violência contra Crianças e Adolescentes da SPSP, o médico enfatizou que o tópico sobre violência sexual é muito importante de ser abordado, uma vez que é sempre pontuado por inúmeras dúvidas nos serviços de saúde quanto ao atendimento às vítimas. “Sobretudo nesta época de pandemia, torna-se um tema muito premente, porque houve aumento da violência sexual durante o isolamento social”, comentou.
O módulo 2 abordou o tópico “Educação” e foi moderado pelo pediatra Mário Hirschheimer, membro da Diretoria Executiva da SPSP. O médico ressaltou a preocupação atual sobre o impacto relacionado à educação do confinamento prolongado das crianças e adolescentes, mas enfatizou ser uma estratégia importante para reduzir a contaminação pela Covid-19. “Tal estratégia, entretanto, foi um paradoxo, pois o distanciamento físico, a redução da interação social e aumento do uso dos meios digitais, causaram inúmeros prejuízos à população pediátrica, entre os quais, problemas relacionados à aprendizagem, evasão escolar, aumento da obesidade, abuso de telas etc.”
Eventos não intencionais
O módulo 3 discutiu o tema “Acidentes” e a pediatra Renata Waksman foi a moderadora, na qual enfatizou que os eventos não intencionais representam, desde 2002, a principal causa de morte entre as crianças com mais de um ano. “Estes eventos são os que predominam em termos de mortalidade e morbidade, entre eles os acidentes de trânsito, as queimaduras, afogamentos, intoxicações, quedas etc.”, esclareceu. “Mas nesta edição do fórum, discutimos não esses eventos tão frequentes, mas outros de igual importância e que nunca podem e nem devem ser esquecidos, que são ‘Armas de fogo em casa’, ‘Segurança em parques infantis’ e ‘Atividades físicas radicais’.”
O quarto módulo trouxe o tópico “Novos desafios”, com temas que discutiram, entre outros, a “gordofobia” e os estigmas relacionados à obesidade. Por fim, durante o encerramento do fórum, Sulim Abramovici, presidente da SPSP, disse que foi muito importante manter essa atividade durante todos esses anos. “E quem tiver a curiosidade de ver a programação do primeiro fórum vai verificar que o programa foi muito diferente do atual”, afirmou, enfatizando que a Sociedade precisou se atualizar com o passar dos anos nos temas relacionados à violência e acidentes contra crianças e adolescentes. “Reconheço que foi muito difícil escolher a programação para o dia de hoje, uma vez que são inúmeros os temas importantes a serem discutidos. Agradeço a todos e já deixo aqui o convite para o 16º Fórum a ser realizado no ano que vem”, concluiu.
