9º Giro Pela Vida destaca importância de conhecimento e acesso aos direitos das mulheres para diagnóstico e tratamento do câncer de mama

Informação é poder, principalmente quando o assunto é o câncer de mama. Com o início da pandemia de Covid-19, muitas mulheres deixaram sua rotina de cuidados com a saúde de lado para se protegerem, ou mesmo porque não conseguiram seguir com seus cuidados por causa da sobrecarga do sistema de saúde. De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Avon, braço social da Avon no enfrentamento à violência contra a mulher e na conscientização sobre o câncer de mama, em parceria com a agência de jornalismo de dados Gênero e Número, houve uma queda de 28% no volume de procedimentos de diagnóstico de câncer de mama – biópsias e ultrassonografias – em 2020 em comparação a 2019. Para incentivar mulheres a buscarem conhecimento sobre seus direitos e adotarem uma rotina anual de prevenção à doença, o Instituto Avon apresentou a 9ª edição do Giro Pela Vida.

Apresentado por Sabrina Parlatore, cantora e ativista da causa do câncer de mama, o evento contou com a presença de profissionais de diversas áreas, como saúde, direito, políticas públicas e comunicação, além de embaixadores e porta-vozes do Instituto Avon, uma paciente com câncer de mama metastático e ativista sobre o tema e um show ao vivo de Margareth Menezes. O objetivo foi debater temas centrais para a saúde da mulher e difundir informações sobre serviços disponíveis, como reivindicar os direitos previstos na legislação brasileira, os principais sinais da doença, a importância do autocuidado e dos exames e tratamentos, além de contar com o propósito de acolher todas as mulheres que estão convivendo com um diagnóstico ou tratamento neste momento.

O primeiro painel da edição, ‘Olhe Pra Você’, foi dedicado à importância de reservar um tempo para si, para o autocuidado. Foi uma lembrança para todas as mulheres concentrarem esforços para retomarem seu olhar para sua própria saúde. O bate-papo contou com as participantes Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon; Viviane Mosé, sócia-diretora da Usina Pensamento, poeta, psicanalista e especialista em políticas públicas; e Juliana Francisco, médica ginecologista e mastologista.

Viviane Mosé alertou para o lugar de apoio central ocupado pelas mulheres em suas famílias, que ficaram ainda mais sobrecarregadas durante a pandemia e, por isso, precisam aproveitar o presente para cuidar mais de si mesmas, especialmente da saúde mental, e fortalecer a sua rede de apoio. “Temos que exercer o agora, especialmente em relação às nossas mamas. Antes de cuidar do outro, precisamos de cuidar de nós mesmas, principalmente da nossa saúde afetiva e emocional”. Já Juliana Francisco aproveitou para reforçar a importância dos cuidados preventivos. “Temos meios de prevenção: a prevenção primária são os hábitos de vida saudáveis como alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, o não consumo de álcool e cigarro. Já a prevenção secundária é o diagnóstico precoce com os exames de rotina e a realização da mamografia a partir dos 40 anos, uma vez ao ano. As pacientes com histórico da doença e outros tipos de particularidades precisam de avaliação médica para que a mamografia aconteça antes”.

Enquanto isso, Daniela Grelin destacou o trabalho do Instituto Avon na redução da letalidade da doença, com a doação de 50 mamógrafos, 32 aparelhos de ultrassom e a presença de projetos da organização em cerca de 232 municípios do Brasil. “Essas regiões apresentam a cobertura de mamografias 11% maior que a média do país, garantindo o diagnóstico precoce 7% mais frequente do que o restante do país”.

O que diz a legislação

O segundo painel ‘Olha para os seus direitos’ reforçou questões ligadas ao acesso e às garantias legais para que as mulheres possam assegurar a realização de seus exames, bem como o acesso aos tratamentos, seja no Sistema Único de Saúde ou na saúde suplementar. A gerente de causas do Instituto Avon, Regina Célia Barbosa, destacou o poder da informação para as mulheres fazerem valer seus direitos. “É fundamental ampliar a informação para que seja transformada em conhecimento, colaborando para que cada mulher se lembre de realizar os exames periódicos e faça valer seus direitos”, explica. A jornalista Tatiana Schiboula complementou: “Hoje as mulheres têm mais acesso à informação, mas nem todas sabem como reivindicar seus direitos ou tem a dimensão de quais são”.

A advogada especialista na área de direito à saúde e sócia-fundadora da Vilhena Silva Advogados, Renata Vilhena, destacou os meios para que as mulheres garantam seus direitos previstos legislação, como a Lei dos 30 Dias e a Lei dos 60 Dias para pacientes oncológicos. “Apenas 23% dos diagnósticos de câncer acontecem no prazo determinado pela lei. As mulheres podem e devem buscar o juizado de pequenas causas junto com seu médico. O profissional médico que acompanha essa mulher é um aliado nesse processo para garantir o direito de acesso”.

Cuidado e qualidade de vida do paciente oncológico

No painel ‘Sem Medo de Olhar para o Câncer’, o foco foi a vida da paciente a partir do diagnóstico positivo para câncer de mama e os tratamentos e toda a jornada da doença. Rita Dardes, ginecologista e mastologista, destacou que o medo costuma paralisar as mulheres, que deixam de procurar um tratamento e, por isso, as chances de cura são reduzidas, mas o câncer não é sinônimo de morte. “Há uma luz no fim do túnel. A descoberta é o primeiro passo para cura e, hoje, temos acesso aos melhores tratamentos, o que contribui para a qualidade de vida da paciente”.

Ana Baccarin, médica oncologista, ressaltou a importância do tratamento multidisciplinar e humanizado, que conta com uma série de profissionais além do oncologista, como nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, radioterapeutas, entre outros. “Aquele tratamento entra na casa dela, na família dela, no casamento dela, com os filhos dela, então ela precisa ser vista com carinho amplamente em todas as suas necessidades. O paciente com câncer pode, deve e merece ser saudável”.

A influenciadora Ana Michelle também contou sua experiência pessoal convivendo há 10 anos com câncer de mama metastático e como ressignificar o sentido dos cuidados paliativos mudou a sua percepção sobre a vida. “É importante inserir o câncer metastático nas falas sobre o câncer de mama, mas ninguém falava sobre isso quando fui diagnosticada. Então fui atrás de cuidado porque queria viver bem esse tempo que eu tenho, quero estar presente e ser protagonista da minha história. Quero ser vista além da minha questão biológica. Hoje, a medicina oferece estratégias para que a gente viva mais e com mais qualidade”.

Outubro Rosa

O Giro pela Vida é parte da campanha ‘Todo Mundo Tem Peito. Cuide do Seu’, cujo objetivo é incentivar a conscientização, o autocuidado, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento, principalmente durante a pandemia de Covid-19 e o isolamento social, além de fomentar na sociedade o conhecimento sobre os direitos de acesso estabelecidos pela Lei dos 30 Dias (nº 13.896/2019), que determina que em caso de suspeita de câncer, os pacientes realizem seus exames de diagnóstico em até 30 dias, e pela Lei dos 60 Dias (nº 12.732/12), que garante que pacientes com câncer iniciem seu tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) em, no máximo, 60 dias após a confirmação da doença.

Para saber mais sobre a 9ª edição do Giro Pelo Vida e sobre o câncer de mama acesse: www.giropelavida.com.br.

Redação

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