Uma menina de 13 anos passou por uma cirurgia robótica pediátrica multidisciplinar para a retirada de um tumor de ovário de cerca de 500 ml e com mais de 10 centímetros de diâmetro, no Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), no início de novembro. O teratoma ovariano é o mais frequente em crianças e adolescentes, refletindo mais da metade das neoplasias do ovário em mulheres com menos de 20 anos de idade.
“O cisto, de grande volume, comprometia todo o abdômen da jovem e optamos por fazer a técnica robótica por ter um espaço pequeno, muito restrito devido ao grande volume do cisto ovariano, e o robô nos proporciona precisão e amplitude ao movimento, que nos auxiliam muito nessas situações”, pontua o Dr. Dorival Gomide, especialista em ginecologia e obstetrícia da instituição, que esteve na equipe que participou do procedimento.
A intervenção durou pouco mais de uma hora e foi realizada pelo cirurgião Rodrigo Garcia, pioneiro neste tipo de operações em crianças no interior do estado de São Paulo. Segundo o especialista, outro benefício da robótica em crianças é a rápida recuperação. “Foi um sucesso. A paciente teve alta no dia seguinte e agora segue se recuperando bem em casa. O tumor foi retirado, e, após exames complementares pós-cirúrgicos, foi constatado não ter mais indícios da doença”, relata.
Gisele Mendes Souza Dodi, a mãe, procurou por atendimento após a filha sentir um incômodo abdominal. “Realizamos um ultrassom que apontou dois cistos, um de cada lado do ovário. Ao analisar o exame, o Dr. Wail Maremoto, que me acompanha há anos, orientou para aguardar um tempo e fazer uma nova avaliação, pois poderiam ser cistos de ovulação, que depois desapareceriam. Três meses depois, uma ressonância magnética mostrou que um dos cistos não estava mais lá e o outro foi diagnosticado como um tumor. Meu médico indicou os profissionais do Vera Cruz Hospital, com ótimas referências daqueles que realizariam o procedimento. Por isso, decidi marcar a cirurgia”, conta a analista administrativa comercial.
“Minha filha está se recuperando muito bem, mas preciso ficar de olho, pois ela ainda não foi liberada para fazer exercícios físicos e esses dias estava se alongando. Está ansiosa para voltar à rotina de antes, praticar o jazz e o tecido”, conclui a mãe, aliviada. “Antes da cirurgia, os médicos me levaram para conhecer o robô. Ele era grande, tinha quatro braços, achei bem legal”, detalha Julia Mendes Chauh, sobre a experiência.
Teratoma de ovário
Localizados, principalmente, nas gônadas, e raramente apresentando-se em outros locais, as neoplasias unilaterais são mais frequentes (72,2%, dos casos) do lado direito. Outros 12% das pacientes são diagnosticadas com tumor bilateral. “Os teratomas são caracterizados por crescimento lento (1,8 milímetro por ano) e, por essa razão, pode-se considerar um manejo não cirúrgico das lesões menores que 6 cm². Porém, cerca de 20% dos pacientes com TMO podem ter complicações, como torção, ruptura, infecção e transformação maligna”, complementa Gomide.
E a genética está entre os fatores de risco para o desenvolvimento da doença, como no caso de Julia: a mãe também teve o problema. “Quem tem casos na família tem mais chances de desenvolver a doença, que é comum na infância. Há casos de pacientes que nascem com a enfermidade, que também pode se desenvolver na fase pré-escolar, infância e adolescência”, conclui Garcia.