O tratamento de pacientes com câncer depende das ações de uma equipe multidisciplinar, em que cada um tem funções específicas e igualmente relevantes. O farmacêutico oncológico integra esse time de profissionais de atribuições complexas e exemplifica a diversidade de responsabilidades da carreira. Em 20 de janeiro, quando se comemora o Dia do Farmacêutico, as responsabilidades do farmacêutico oncológico merecem menção pela abrangência do trabalho que realizam.
De acordo com resolução do Conselho Federal de Farmácia, apenas os farmacêuticos especialistas em oncologia são autorizados a manipular os citotóxicos utilizados no tratamento quimioterápico. No Centro de Oncologia Campinas (SP), a farmacêutica Elaine Cristina Ramos Alves responde, dentre outras tarefas, pela manipulação e gerenciamento dos medicamentos utilizados pelos pacientes. Também está envolvida nos processos de segurança do paciente, ao garantir que os procedimentos sejam realizados adequadamente, de acordo com indicação e posologia.
“Nós farmacêuticos validamos os protocolos terapêuticos utilizados na instituição, baseados em referências. Através desse protocolo, o médico realiza a prescrição. Dentro dele, o farmacêutico, se preciso, faz a inclusão de medicamentos profiláticos, como antieméticos (para tratamento de náuseas e vômitos) e outros para minimizar os efeitos colaterais”, detalha Elaine.
Envolvido em situações de alta complexidade, o profissional também atua na farmácia clínica: faz avaliação sobre determinada quimioterapia, observa se os medicamentos são indicados a cardiopatas, hipertensos, avalia se as diluições e tempo de infusão estão de acordo, entre outras atribuições.
“Há medicamentos que podem aumentar os riscos em caso de doenças pré-existentes, por isso é importante observar as melhores alternativas dentro do quadro clínico e com base nos resultados dos exames. Pacientes idosos, por exemplo, usam muitos medicamentos, é necessário fazer esse acompanhamento”, observa Elaine, responsável pela gestão da farmácia clínica e de programas de atenção farmacêutica.
Ainda dentro da farmácia clínica, salienta Elaine, são observadas as interações medicamentosas, realizado o acompanhamento farmacoterapêutico e a farmacovigilância: quando há reação adversa, é preciso avaliar e descobrir o tipo de reação, para posteriormente notificar a Vigilância em Saúde. “Outro leque é a questão da manipulação das drogas utilizadas nos tratamentos. É mais operacional, mas requer todo o preparo e conhecimento do profissional”, acrescenta.
Vocação
Elaine Cristina Ramos Alves, formada em farmácia, com especialização em oncologia e MBA em gestão de saúde, encontrou na oncologia a junção de dois objetivos profissionais: a farmacologia e a interação com pacientes.
Diferentemente de alguns outros ramos da profissão, a farmácia voltada à oncologia estabelece uma relação mais próxima do paciente, observa ela.
“Comecei com a oncopediatria e me apaixonei pela área. O contato e interação com os pacientes são especiais. Acabamos criando vínculos em razão do tratamento, acompanhamos a evolução deles e interagimos de maneira profissional, mas também afetuosa. Oferecer suporte e atenção é sempre gratificante”, descreve.