Em abril, celebra-se o mês Mundial de Conscientização do Autismo, também conhecido como Abril Azul. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), é lembrada no mundo todo desde 2008 e tem como objetivo conscientizar a sociedade acerca do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento, que geralmente se inicia na infância e se estende pela adolescência e vida adulta. A condição se caracteriza pela evolução e conduta atípica, déficits na comunicação e na interação social e padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças no mundo possui algum grau do Transtorno do Espectro Autista e apesar de o Brasil ainda não obter números oficiais sobre pessoas com TEA, a estimativa é de que existam cerca de 2 milhões de habitantes no país com essa condição.
Nelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP, explica que o autismo é conhecido por ser um distúrbio presente ao longo da vida, para o qual não existe cura. Porém, algumas intervenções são capazes de atenuar o quadro e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. “Um dos métodos estudados é a utilização das células-tronco do sangue do cordão umbilical. Por serem autorrenováveis, elas podem auxiliar no tratamento de diversas patologias graças a sua capacidade de se transformar nos mais variados tipos celulares, se proliferando e produzindo outras idênticas, ajudando assim, a recompor tecidos danificados”, explica.
De acordo com o especialista, a terapia com sangue do cordão umbilical para distúrbios do neurodesenvolvimento é uma técnica promissora que, embora não promova a cura completa, é capaz de apresentar um avanço considerável em relação à consciência corporal, fala e hiperatividade. “A associação desse material ao tratamento mostrou maiores efeitos terapêuticos quando combinadas. Isso porque elas têm propriedades imunomoduladoras que regulam o sistema imunológico e promovem a desinflamação tecidual, melhorando o quadro clínico do paciente autista”, pontua.
Nelson conta que os ensaios clínicos já realizados conseguiram revelar progressos estatisticamente significativos no desempenho de pessoas que receberam terapia com células do sangue do cordão. “Os variados testes, realizados em crianças na faixa etária de 4 a 7 anos de idade, observaram melhora na comunicação, atenção e aumento do poder de memória e consciência dos indivíduos, confirmando que o procedimento é uma alternativa segura e eficaz”, garante.
Por fim, o hematologista informa que, embora não exista uma cura concreta, o objetivo é que esses protocolos com células-tronco sejam utilizados mais frequentemente a fim de promover avanços nos ensaios clínicos. “É muito importante termos a consciência do quão valioso é a utilização e o estudo desse material biológico. Além disso, uma vez coletadas, as células ficam armazenadas em tanques por tempo indeterminado sem que percam suas propriedades e qualidade, podendo ser utilizada no tratamento de diferentes tipos de doenças”, conclui.