Doação de medula óssea salva vidas e procedimento envolve poucos riscos

Em setembro é comemorado o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea. A data reforça a urgência dos pacientes que aguardam na fila por um transplante. Atualmente, o Brasil tem mais de 5 milhões de doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) – entidade vinculado ao Ministério da Saúde – porém, a chance de encontrar medula compatível é de uma em cem mil. Além disso, o índice foi negativamente impactado pela pandemia de Covid-19, período em que a entidade estima uma queda de cerca de de 30% nas doações.

Encontrada no interior dos ossos, a medula óssea é conhecida como fábrica de sangue. Composta de células-tronco, é o local de produção dos componentes do sangue, incluindo as hemácias ou glóbulos vermelhos, os leucócitos ou glóbulos brancos que são parte do sistema de defesa do nosso organismo, e as plaquetas, responsáveis pela coagulação. “Por isso, o transplante do tecido pode beneficiar pacientes com o tratamento de doenças como leucemia; linfomas; anemias; imunodeficiências; osteopetrose e outras. O procedimento consiste na substituição de uma medula óssea doente por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituir um tecido saudável”, explica Rafael de Sá, médico hematologista do Instituto de Câncer de Brasília.

Dentre as disfunções na medula óssea, algumas podem estar relacionadas com o desenvolvimento de cânceres com prognósticos graves. “Por exemplo, a leucemia – que se manifesta justamente no tecido hematopoiético – e os linfomas – que afetam o sistema linfático – correspondem, juntos, a mais de 25 mil casos por ano no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). O transplante de medula óssea, tratamento eficaz aliado ao diagnóstico precoce, atua diminuindo a média anual de mais de 8 mil mortes causadas pelas duas neoplasias, também conforme o instituto”, destaca o especialista.

Procedimento de doação

Existem duas formas para doação de medula óssea e a escolha do procedimento mais adequado é do médico, conforme avaliação individual de cada paciente. O primeiro formato é realizado em centro cirúrgico com anestesia. “A medula é retirada do interior dos ossos da bacia por meio de punções (pequenas aberturas). Já na segunda maneira, chamada aférese, o doador toma um medicamento que permite a retirada das células da medula óssea pelas veias do braço”, aponta. O especialista lembra que os processos envolvem poucos riscos ao doador. “Nos primeiros três dias pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples”, ressalta Rafael.

Para se tornar um doador de medula óssea é necessário ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa ou incapacitante, não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico. “O primeiro passo é realizar o cadastro no Hemocentro mais próximo de sua casa, onde será realizado um teste de laboratório para identificar as características genéticas que serão cruzadas com os dados de pacientes, determinando a compatibilidade”, expõe. “É importante destacar ainda que cerca de 25% dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea encontram o doador ideal no núcleo familiar. O restante depende de parentes parcialmente compatíveis ou de doadores voluntários. Por isso, reforço que o ato de doação é extremamente importante”, alerta o médico.

Redação

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