Chega ao Brasil a primeira máquina capaz de avaliar e selecionar, por meio de inteligência artificial automatizada (IAA), embriões de forma automática e, assim, melhorar as taxas de gravidez. A EmbryoScope, incubadora com software de análise de última geração, categoriza através de uma série de parâmetros – que hoje não são avaliados usualmente – os melhores embriões e reduz a probabilidade de anomalias cromossómicas através de uma técnica não invasiva. Isso melhora, consideravelmente, os métodos de seleção atuais. Através de um sistema Time Lapse, a máquina conta com uma câmera embutida que tira fotos a cada 10 minutos em diferentes planos, permitindo avaliar com precisão padrões do crescimento embrionário, 24 horas por dia, sete dias por semana. O sistema analisa os embriões automaticamente, atribuindo-lhes uma classificação de um a dez, dependendo da sua qualidade e morfologia. Uma vez que a seleção automatizada de embriões é mais precisa do que a seleção feita pelo embriologista, a probabilidade de uma gravidez evolutiva está diretamente ligada à percentagem de pontuação e, por isso, a paciente tem mais probabilidades de sucesso.
“O algoritmo da Inteligência Artificial dispõe de mais assertividade na escolha do embrião do que o olho humano. A máquina é capaz de fazer muito mais avaliações e interpretações que o embriologista, mesmo com a lupa, não conseguiria enxergar”, explica o médico ginecologista Dr. Carlos Petta, especialista em Reprodução Humana pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, professor de Ginecologia pela Unicamp e diretor clínico da Fertilidade & Vida, clínica localizada em Campinas, no interior do Estado de São Paulo, que importou a máquina.
Segundo o Dr. Carlos Petta, a Inteligência Artificial é uma inovação nos tratamentos de reprodução assistida e a chance de gravidez pode chegar em 80% “A IA, sem dúvida, é uma ferramenta que aumenta a taxa de gravidez nos tratamentos e oferece mais segurança, em especial, na seleção dos melhores embriões. Atualmente, na Fertilidade & Vida, a taxa de gravidez em mulheres abaixo dos 35 anos, sem o uso da IA, é de 70%, um percentual alto. Agora, podemos chegar em uma taxa de cerca de 80%, algo excelente e muito acima da média dos padrões atuais”, complementa o médico.
Por meio deste equipamento, a seleção dos embriões é monitorada ininterruptamente até o sétimo dia de desenvolvimento, quando eles chegam à fase de blastocisto, quando é indicada a transferência dos melhores embriões ao útero da mulher. Além disso, o sistema permite aos embriologistas, dispor de uma avaliação minuciosa de cada um dos embriões selecionados. Os que obtêm a maior nota segundo o software, são os escolhidos para serem transferidos.
No modelo tradicional a avaliação embrionária é realizada junto a um microscópio externo, necessitando retirar os embriões de seu cultivo junto à incubadora, o que pode resultar em menos eficiência no procedimento, uma vez que o embrião é exposto à temperatura e ar ambiente, pois sai do ambiente controlado e estável da incubadora. Já o EmbryoScope permite que logo após a fertilização os embriões se mantenham isolados por todo o período de cultivo laboratorial, em um ambiente totalmente controlado por computador, evitando que sejam retirados de seu correto ambiente. O aparelho permite, ainda, que os casais tenham acesso às imagens dos embriões e todo o processo do desenvolvimento poderá ser registrado e compartilhado com os pacientes.
A fertilização in vitro (FIV) é um dos procedimentos mais utilizados na medicina reprodutiva em todo o mundo. De acordo com dados do SisEmbrio, nos últimos dois anos, 202 mil embriões foram congelados no Brasil. Somente em 2021, foram realizados 49.952 ciclos de FIV, 11 mil a mais do que em 2020. Estima-se ainda que mais de 8 milhões de pessoas em todo o mundo tenham sido geradas por esta técnica, de acordo com a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia.
A fertilização in vitro é recomendada em casos de endometriose profunda, alterações das trompas e diminuição da quantidade ou da qualidade dos espermatozoides. O procedimento (FIV) é dividido em quatro etapas: estimulação ovariana, coleta dos óvulos e espermatozoides, fecundação assistida e, por fim, a transferência dos embriões.
No Brasil, o Conselho Federal de Medicina determina que “a idade máxima das candidatas à gestação por técnicas de RA é de 50 anos”, sendo que essa idade pode ser excedida em casos em que a mulher seja saudável e esteja ciente dos possíveis riscos de uma gestação mais tardia. A alimentação balanceada, prática de exercícios físicos e evitar tabagismo, álcool e drogas podem fazer toda a diferença em relação à fertilidade e à gestação saudável.
A fim de aumentar as possibilidades para identificar o potencial de gerar embriões saudáveis, a ciência faz da tecnologia uma grande aliada, já que a inteligência artificial melhora o sucesso do procedimento.
“Estudos apontam que diferentes embriologistas podem classificar o mesmo embrião de forma distinta, dependendo de suas experiências. Com a IA ocorre uma padronização dos parâmetros, uma vez que o algoritmo examina as estruturas com maior precisão e segurança”, finaliza Dr. Carlos Petta.