Em apoio ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro, o CEJAM – Centro Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” destaca o Polo do Processo Transexualizador, serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) ao qual todas as pessoas no Brasil têm direito a acolhimento, nome social, processo transexualizador e encaminhamento à cirurgia de afirmação de gênero.
Existente desde 2019, o Polo de Processo Transexualizador do Hospital Dia Campo Limpo, gerenciado pelo CEJAM em parceria com Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, já realizou aproximadamente 1.000 atendimentos (médico, equipe multiprofissional e aplicação medicamentosa).
Luciana Macedo, enfermeira responsável pelo serviço, destaca ser necessário, inicialmente, ir até uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e solicitar o encaminhamento, que será feito de acordo com a região, via regulação.
“A primeira consulta no polo é realizada com o endocrinologista e a enfermeira, visando, para além do processo transexualizador, a queixa do paciente, o que já foi acompanhado, quais são as expectativas etc. Ademais, são solicitados exames conforme a necessidade e dado os encaminhamentos para as especialidades, se necessário”, esclarece.
A enfermeira relata que a equipe faz toda orientação, programação da administração e aplicação dos hormônios. Segundo ela, o acompanhamento é contínuo e abrange dimensões psíquica, social e médico-biológica.
Roberta Aparecida Lopes, supervisora técnica de saúde, reforça que o SUS, por meio do Polo Transexualizador, garante o nome do uso social e oferece apoio caso seja preciso fazer retificação de nome no registro civil.
“A parte da saúde mental também é importante, temos um psicólogo que apoia no processo, que, por vezes, não conta com apoio familiar. Então, garantimos o atendimento integral de saúde num ambiente acolhedor, que respeita a diversidade”, afirma.
De 2019 para cá, Luciana relata sentir uma abertura maior das UBS: “Acho que é um grande progresso, e eu também vejo mais pacientes chegando, isso significa que as Unidades estão mais informadas e com acesso aos protocolos. Hoje existe abertura, as unidades entram em contato para tirar dúvida, eu acho que isso é uma evolução, não é um assunto que fica escondido, principalmente para os profissionais de saúde, eles sabem que existe, para onde encaminhar, e se tiver dúvida, indicar quem procurar”, reitera Luciana.
O paciente que chega ao polo é recebido por uma equipe multiprofissional, que conta com médico endocrinologista, enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, assistente social e farmacêutico.
Selo de Direitos Humanos e Diversidade
Em dezembro de 2022, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo conferiu o Selo de Direitos Humanos e Diversidade ao Hospital Dia Campo Limpo pela iniciativa do Polo de Processo Transexualizador.
Para Luciana, o selo foi uma conquista de muita importância, por ser um reconhecimento do quanto o paciente é valorizado no atendimento humanizado.
“Fazemos questão de criar vínculo com todos os pacientes, para que sejamos referência. A população trans ficou por muito tempo longe do serviço de saúde e, hoje, nos sentimos felizes em ser referência de saúde, onde cada indivíduo se sente acolhido”, afirma.
Roberta complementa que o selo representa a conquista de um atendimento igualitário e um reconhecimento do trabalho da equipe, que atende de forma humanizada e acolhedora.