27ª Jornada Internacional de Anestesia Obstétrica: evento discute morte materna por hemorragia, acretismo placentário, pré-eclâmpsia e sepse

Referência em alta complexidade, o Hospital e Maternidade Santa Joana promoveu nos dias 17 e 18 de março, a 27ª Jornada Internacional de Anestesia Obstétrica. Destinado a médicos anestesistas, o encontro foi realizado em São Paulo (SP) e contou com uma apresentação inovadora, a discussão de um caso clínico de hemorragia no metaverso. Nesse ambiente virtual, os participantes puderam ver o caso durante o evento e, ainda, pós-evento poderão acessar o conteúdo e rever o caso quantas vezes desejarem, bem como convidar outras pessoas para participarem e promover novos debates por meio de um QR Code disponibilizado pela organização da jornada.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil a morte materna subiu significativamente e atualmente é de 107 óbitos maternos a cada 100 mil nascimentos, enquanto que nos melhores centros mundiais essa taxa é de 10 a cada 100 mil. No Santa Joana esse número é ainda mais baixo, sendo de 5 a cada 100 mil. E para manter as baixas taxas, o Santa Joana implantou há oito anos o Programa de Redução de Mortalidade Materna realizado no Centro de Simulação Realística do Grupo Santa Joana.

Como destaque no workshop de Hemorragia, segunda principal causa de morte materna, foi discutido o Programa Patient Bloond Management (PBM) – abordagem multidisciplinar de gerenciamento do sangue da paciente que busca minimizar as perdas sanguíneas, maximizar a tolerância à anemia e evitar transfusões desnecessárias, visando a melhor evolução da paciente. O Programa vem contribuindo para a redução da mortalidade e morbidade materna. Vale destacar que, para cada um caso de mortalidade materna, habitualmente, há 70 casos de morbidade. Portanto, a mortalidade materna é apenas a ponta do iceberg. As transfusões sanguíneas seguramente salvam vidas maternas, mas quando não bem indicadas, agravam a morbidade.

O evento contou, também, com a discussão de dois casos clínicos de acretismo placentário – condição clínica na qual a placenta não se desloca espontaneamente da parede uterina ao nascimento e não pode ser removida sem que ocorra um sangramento anormal e potencialmente danoso à vida. Como nesse grupo específico de pacientes a realização de histerectomia (cirurgia para remoção permanente do útero) pode ser frequente, discutiu-se muito a necessidade de apoio do grupo da saúde mental. Segundo dados da literatura, as pacientes que são submetidas à histerectomia em idade fértil são mais vulneráveis a desenvolver transtorno do estresse pós-traumatico (TEPT). Diante disso, o cuidado com a saúde mental das pacientes obstétricas se tornou ainda mais importante. Desde 2020, o Santa Joana é a única instituição brasileira credenciada junto à Sociedade Internacional de Espectro de Acretismo Placentário (IS-PAS), grupo internacional voltado ao estudo desta patologia.

Outro tema de destaque apresentado durante a jornada foi a Sepse na gestação, que está entre as três principais causas de morte materna no mundo. De acordo com a OMS, a sepse é uma disfunção orgânica resultante de infecção durante a gravidez, parto, pós-parto e pós-aborto. Também segundo a Organização Mundial da Saúde, 10,7% dos casos de mortalidade materna em países de baixa renda se deve à sepse, enquanto que nos países de alta renda esse número cai mais da metade, representando 4,7% dos casos. Em 2022, o Hospital e Maternidade Santa Joana, junto com Pro Matre e Santa Maria que compõem o Grupo Santa Joana, se tornaram as primeiras maternidades brasileiras a receberem a certificação do Programa de Distinção no Tratamento da Sepse, desenvolvido pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG) em parceria com o Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS).

“Buscamos a cada edição proporcionar aos participantes um conteúdo educacional de alta qualidade, que contribui para a discussão de temas como prevenção, antecipação de riscos, diagnóstico precoce e cuidado de uma equipe multidisciplinar altamente especializada. Somente assim conseguiremos alcançar desfechos clínicos cada vez melhores”, salienta Dra. Mônica Maria Siaulys, diretora Médica do Grupo Santa Joana. “Outro ponto de destaque é a importância da clareza e transparência na comunicação tanto entre as equipes multidisciplinares responsáveis pelas linhas de cuidado das pacientes obstétricas como do hospital com a paciente e seus familiares”, completa a médica.

A 27ª Jornada Internacional de Anestesia Obstétrica do Hospital e Maternidade Santa Joana contou com a participação de grandes nomes da Anestesia Obstétrica mundial, como Emilia Guasch Arévelo, vice-presidente do European Board of Anaesthesiology e membro do Comitê Obstétrico da Federação Mundial de Sociedades de Anestesiologistas (WFSA); e Heather Nixon, chefe da divisão de Anestesia Obstétrica da Universidade de Illinois (Chicago/EUA) e membro do Comitê de Segurança e Educação do Paciente da Sociedade Americana de Anestesia. Foi a primeira vez que as especialistas vieram ao Brasil.

Na sessão interativa com as especialistas internacionais foram abordados os temas analgesia de parto e dieta no trabalho de parto, e rotinas de avaliação do conteúdo gástrico.

A edição 2023 da jornada contou, ainda, com workshops sobre diversidade, equidade e inclusão em anestesia obstétrica; dieta no trabalho de parto e avaliação do conteúdo gástrico; via área; pré-eclâmpsia e o papel dos biomarcadores no diagnóstico e prognóstico; além de palestras que abordaram os temas anafilaxia; intoxicação por anestésico local; cefaleia pós-punção de dura-máter; lesões neurológicas em anestesia obstétrica e anestesia em gestante obesa.

Redação

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