Felicidade e plenitude de ter um amor incondicional caracterizam a maternidade tanto quanto desafios, transições, incertezas, pressões e angústias. É preciso construir espaços para que mães sejam acolhidas sem julgamentos. No Mês das Mães, a atenção para a saúde mental materna da gravidez ao pós-parto é tema de campanha conhecida como Maio Furta-cor.
Depressão pós-parto, um dos males que acomete mulheres logo após se tornarem mães – mesmo que não seja pela primeira vez -, por exemplo, ocorre em 25% das mulheres no Brasil, segundo estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As consequências afetam também os bebês e crianças.
“Até por uma pressão cultural e social, as mães não encontram espaço para expressar seus sentimentos, como medos e ansiedade, principalmente por não sentirem que serão acolhidas e por temerem ser julgadas e rotuladas. Cada gestação e maternidade é única”, destaca a psicóloga Patrícia Mekler, do Hospital e Maternidade Sepaco, de São Paulo.
Com mais de 17 anos de experiência, a enfermeira neonatal intensivista especialista em amamentação Cristiane Griffin, também do Hospital Sepaco, reforça que toda a equipe de saúde deve estar preparada para garantir um cuidado de qualidade, considerando também o aspecto psicológico da paciente:
“É crucial que a equipe que cuida das pacientes em ambiente hospitalar esteja atenta e sensibilizada para esta questão. As mulheres que acabaram de dar à luz precisam de um cuidado especial, que vai além do tratamento de possíveis complicações físicas. É necessário um acompanhamento e suporte emocional, para que elas possam enfrentar as mudanças emocionais e hormonais que ocorrem nessa fase. A equipe de saúde deve estar preparada para identificar sinais de problemas emocionais e encaminhar as pacientes para o tratamento adequado, quando necessário”, afirma Cristiane.
Confira dicas de saúde mental para mães:
- Ter rede de apoio
Conflitos conjugais, maternidade solo e gravidez não planejada são fatores de risco para o desencadeamento de transtornos psicológicos nas mães. É preciso exercitar sempre a empatia, buscar auxiliar, prezando por um ambiente mais saudável para mãe e filhos, para não haver prejuízos na construção de vínculos familiares para o pleno desenvolvimento de uma criança.
- Buscar especialista:
Mães precisam ser ouvidas e o atendimento psicológico é muito indicado para compartilhar angústias e experiências. Durante a gestação e puerpério, a realização de acompanhamento psicológico na presença de fatores de risco, como histórico de transtornos depressivos, pode prevenir distúrbios emocionais.
- Cercar-se de mais otimismo e senso de humor:
Diante de notícias ruins do mundo, a tarefa de criar um ser humano pode se tornar ainda mais assustadora. A construção de um espaço mais otimista, com pessoas mais bem-humoradas, que julguem menos é fundamental para tornar mais leve a jornada das mães.
- Manter autoestima e autonomia:
Preservar outros campos da vida, como o profissional, ainda que reinventado ou adaptado, é um passo importante para a realização de muitas mães. Não perder a conexão com a identidade pessoal e individual, e cuidar de si mesma é fundamental.