Nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, aconteceu o III Simpósio de Medicina de Família e Comunidade e o II Simpósio de Cuidados Paliativos da Unimed Chapecó. Gratuito e aberto à comunidade, o evento foi realizado no Hotel Lang Palace e reuniu médicos, equipes multiprofissionais e convidados de várias regiões em torno dos temas: Saúde Mental, Cuidados Paliativos e Endócrino-Metabólico.
Organizada pela área de Medicina de Família, vinculada à Atenção Primária em Saúde (APS) e a Comissão de Cuidados Paliativos, a programação contemplou o olhar atento à realidade dos profissionais que atuam na APS, porta de entrada para muitos pacientes. Com diversidade e profundidade dos temas abordados, a saúde mental foi o primeiro eixo de debate, com foco no crescente número de casos de ansiedade, depressão e esgotamento de pacientes e entre os profissionais de saúde. As palestras e discussões trouxeram à tona a importância de olhar para o sofrimento emocional com empatia, acolhimento e destacou-se o papel fundamental da atenção primária como primeiro espaço de escuta e intervenção.
Um dos momentos marcantes foi a palestra do psiquiatra e coordenador de cursos de psiquiatria no IBCMED/Inspirali,Dr. Francisco Pascoal. Especialista em transtornos ansiosos e depressivos, ele abordou com profundidade os temas ‘Compreendendo o diagnóstico da depressão – Um olhar para a Atenção Primária’ e ‘Avanços e perspectivas no uso de psicofármacos para o tratamento de transtornos ansiosos e depressivos’. “Falar sobre depressão é sempre atual e necessário. É na atenção primária que tudo começa: o primeiro olhar, a primeira escuta, a primeira chance de oferecer esperança. Nem toda tristeza é depressão, mas toda depressão precisa ser escutada. O sofrimento deve ser reconhecido e tratado com empatia”, destacou.
O palestrante também alertou para o crescimento alarmante dos casos de ansiedade e depressão no país e sobre o impacto da sobrecarga emocional nos profissionais de saúde. “Estamos transformando o Brasil em um país ansioso e depressivo sem perceber. E parte dessa responsabilidade é nossa, da área médica. Precisamos aprender a impor limites e cuidar também de quem cuida, para não perder o propósito e o vínculo com a profissão”, disse.
O PODER DA COMUNICAÇÃO NO CUIDADO
No segundo módulo do evento, que tratou sobre Cuidados Paliativos, a médica oncologista e paliativista da Unimed Chapecó,Dra. Márcia Kotz, destacou o papel da comunicação como eixo central do trabalho em saúde. “Nos cuidados paliativos, a comunicação não é um detalhe, é o próprio instrumento do cuidado. Uma palavra sensível pode aliviar tanto quanto um analgésico, e um silêncio atento pode confortar mais do que uma longa explicação técnica”, afirmou.
O tema central, ‘Entre Palavras e Silêncio: o impacto da comunicação nos cuidados paliativos’, inspirou reflexões sobre empatia, escuta ativa e o poder do diálogo na construção de vínculos. “Vivemos um tempo em que a tecnologia avança rapidamente, mas o que continua dando sentido ao nosso trabalho é o encontro entre o profissional e o paciente, com toda a sua humanidade”, completou.
Ela também ressaltou a atuação da Comissão de Cuidados Paliativos do Hospital Unimed Chapecó, formada por equipe multiprofissional que atua em regime de interconsultas hospitalares.
COMPROMISSO COM O BEM-ESTAR DAS PESSOAS
O diretor médico executivo da Unimed Chapecó, Dr. Rodrigo Armani Lino de Souza, destacou que o principal mérito do Simpósio foi unir diferentes dimensões do cuidado. “A importância do Simpósio deste ano foi reunir dois extremos da saúde, a prevenção, quando as pessoas ainda estão na fase inicial de cuidado, e a fase final, quando já há necessidade de cuidados paliativos. Alinhar esses conceitos com a saúde mental, fundamental em todas as fases da vida, tornou os temas extremamente pertinentes. O acesso gratuito para o público da saúde em geral, não só para a Unimed Chapecó, reflete nosso compromisso com a sociedade e o bem-estar das pessoas”, ressaltou o diretor.
O médico de família e responsável pela área de Medicina de Família e Comunidade da Unimed Chapecó, Dr. Juliano Brustolin, explicou que os temas foram escolhidos a partir dos desafios que mais se intensificam no cotidiano dos profissionais. “Percebemos um aumento expressivo dos casos de ansiedade, depressão e ideação suicida, e isso nos motivou a priorizar a saúde mental. São situações que surgem primeiro na atenção primária, então é essencial oferecer ferramentas aos profissionais para identificar e manejar esses casos”, afirmou.
O Dr. Juliano também destacou a importância de discutir doenças endócrino-metabólicas, como obesidade e diabetes, que foram o tema do último módulo do evento. “A mudança nos hábitos de vida e o sedentarismo têm causado aumento de peso e doenças associadas. Trouxemos especialistas para discutir manejo clínico e estratégias preventivas, além dos cuidados paliativos, fundamentais para pacientes crônicos e em fim de vida”, completou.
Mais do que um espaço científico, o Simpósio se consolidou como um ponto de convergência entre ciência, empatia e prática médica humanizada. Ao reunir profissionais de diferentes áreas e níveis de atenção, o evento reforçou a missão da Unimed Chapecó de promover educação continuada, integração entre equipes e disseminação de conhecimento em saúde.

