Pesquisadores do Instituto Butantan, órgão vinculado à Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo e um dos maiores centros de pesquisa biomédicas do mundo, conseguiram inibir a secreção do hormônio liberado em situações de estresse, o adrenocorticotrófico (ACTH), também chamado de corticotrofina.
Trabalhando com dois tipos de estresse, o físico e o psicológico, os pesquisadores conseguiram mostrar que dois mediadores podem controlar separadamente estes estresses. A vasopressina parece controlar os estresses físicos, enquanto o fator de liberação da corticotrofina (CRH) parece relacionado aos estresses psicológicos. Dessa forma, ao bloquear receptores de vasopressina, a resposta ao estresse físico foi impedida, e, bloqueando receptores de CRH foi possível bloquear melhor o estresse psicológico.
“O que fizemos foi tentar bloquear os receptores de vasopressina e de CRH para avaliar como ocorria a resposta na cobaia ao submetê-la ao estresse físico e psicológico e assim suprimimos a resposta hormonal, a liberação de ACTH e consequente liberação de corticosterona em qualquer tipo de estresse”, explica Lanfranco Troncone, responsável pelo Laboratório de Farmacologia.
A descoberta é resultado da linha de pesquisa que investiga a relação entre o estresse e a depressão. O progresso das investigações sobre as estruturas cerebrais responsáveis pela resposta ao estresse permitirá, no futuro, a manipulação dessas estruturas e a compreensão dos mecanismos que são um gatilho à depressão.
“Outro ponto é conseguir melhorar os testes que são feitos para novos medicamentos contra a doença Com isso vamos torná-los mais confiáveis e haverá uma redução no custo do desenvolvimento de novos fármacos”, ressalta Adriana de Toledo Ramos, bióloga responsável pela pesquisa.
Atualmente os tratamentos medicamentosos contra a depressão envolvem várias tentativas e adequações. Mudança de remédios, doses e frequência de administração são frequentes, fazendo com que a terapia seja longa e muitas vezes falha.
O simples bloqueio de receptores de vasopressina e CRH pode não ter ação antidepressiva mas estas e outras questões ainda precisam ser investigadas.
“É neste ponto que paramos e continuaremos com a investigação. Vamos mapear as áreas cerebrais que estão envolvidas no estresse físico e psicológico para ver se conseguimos manipular esses locais até chegar à resposta esperada”, finaliza Lanfranco.
O artigo “Suppression of adrenocorticotrophic hormone secretion by simultaneous antagonism of vasopressin 1b and CRH-1 receptors on three different stress models” foi publicado na revista Neuroendocrinology. 2006;84(5):309-16 por Adriana T. Ramos, Sergio Tufik e Lanfranco R. P. Troncone.