A amfAR, Fundação para Pesquisa da AIDS, realizou a “Pesquisa da Cura do HIV: Uma Conversa com a Comunidade” em 10 de abril, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), juntamente com o 13º Curso Avançado de Patogênese do HIV. Pesquisadores nacionais e internacionais, estudantes de medicina, além de ativistas e membros da comunidade discutiram o avanço das pesquisas para a cura da doença.
“Nós queremos saber o que vocês pensam sobre as pesquisas da cura do HIV. Qual a importância que a cura desta doença teria para a sociedade?”, indaga Rowena Johnston, vice-presidente e diretora de pesquisas da amfAR, na abertura do debate realizado no anfiteatro da FMUSP. Com um resumo das pesquisas até o momento, Rowena apresentou algumas das descobertas e os desafios enfrentados no avanço dos estudos clínicos para encontrar a cura.
Os participantes comemoraram, de um lado, a possibilidade de se prevenir a infecção com estratégias adicionais ao uso de preservativos, como a PrEP (profilaxia pré-exposição), adotada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir deste ano, e de outro lado, lamentaram o estigma da doença e a dupla discriminação sofrida pelos homossexuais soropositivos.
“O comportamento sexual não pode servir de desculpa para não se continuar buscando a cura da Aids,” enfatiza a Dra Johnston. A afirmação foi endossada pelos pesquisadores presentes no debate, como o Dr. Brad Jones, professor da Universidade George Washington: “nosso grupo de pesquisadores enxergam o desafio de cura do HIV como um ideal científico e social”.
A discussão contou, ainda, com os depoimentos do professor Esper Kallas, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Alergia e Imunopatologia da FMUSP e pesquisador na área de HIV/Aids, e de outros pesquisadores internacionais, incluindo Steven Deeks, professor da Universidade de Medicina da Califórnia, São Francisco, e e Lishomwa Ndhlovu, professor da Faculdade John A. Burns da Universidade de Medicina do Hawaii.
Steven Deeks, que também é um dos pesquisadores do Instituto amfAR para a Pesquisa da Cura do HIV, acredita que pacientes soropositivos querem a cura completa da Aids para que eles possam ter uma vida normal, sem o estigma de ser portador do vírus do HIV. “Esse é o objetivo, mas será que é viável?”, questiona Deeks. “Eu sou um grande fã de começar com o que é possível. Por isso, acredito que primeiro precisamos chegar na remissão, e no caminho até lá, descobrir a cura, pois um está ligado ao outro”, diz o especialista.
Cerca de 37 milhões de pessoas vivem com o HIV hoje, no mundo. De acordo com o Ministério da Saúde, foram identificadas 882 mil pessoas infectadas com o vírus no período de 1980 a 2017, no Brasil. Nos últimos cinco anos, o País tem registrado uma média de 40 mil novos casos anualmente.
amfAR
A amfAR, Fundação para a Pesquisa da AIDS, é uma das principais organizações sem fins lucrativos do mundo dedicadas ao apoio de pesquisa da AIDS, prevenção do HIV, educação para o tratamento e defesa de políticas públicas relacionadas à AIDS. Desde 1985, a amfAR investiu mais de US$ 517 milhões em seus programas e concedeu mais de 3.300 subsídios para equipes de pesquisa em todo o mundo.
Entre muitas realizações, a amfAR apoiou os primeiros estudos que contribuíram para o desenvolvimento de várias classes de medicamentos anti-HIV que permitem às pessoas com HIV/AIDS a terem vidas mais longas e mais saudáveis. A amfAR também apoiou a investigação preliminar que levou ao uso de drogas anti-retrovirais para prevenir a transmissão do HIV entre mãe e filho. Como resultado, essa transmissão foi praticamente eliminada em muitas partes do mundo.
Uma das primeiras e mais respeitadas instituições defensoras das pessoas que vivem com HIV/AIDS, a amfAR liderou os esforços fundamentais para assegurar a aprovação da principal legislação que formou a base da resposta dos EUA à AIDS por mais de duas décadas, incluindo a lei Ryan White CARE.
Contagem Regressiva para a Cura da AIDS da amfAR
É uma iniciativa de investigação destinada a desenvolver a base científica para a cura até o final de 2020. Lançada em fevereiro de 2014, a contagem visa intensificar o programa de pesquisa focado na cura do HIV por meio de investimentos de US$ 100 milhões. Em apenas 24 meses, a Contagem Regressiva para a Cura da AIDS da amfAR apoiou 139 pesquisadores principais e equipes em 16 estados dos Estados Unidos e em outros 9 países.