Congresso debaterá o despreparo de profissionais em hospitais para atender parada cardíaca

O número de vidas perdidas por parada cardiorrespiratória é enorme nos hospitais brasileiros, apesar de poucos estudos a respeito no país que poderiam constatar um quadro ainda mais grave. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), são 720 eventos por dia no Brasil e a chegada num pronto socorro é uma verdadeira corrida entre a vida e a morte. Para o coordenador do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC, Sergio Timerman, uma pessoa com parada cardíaca, a cada minuto sem atendimento, perde 10% de chance de sobreviver.

Sérgio Timerman completa dizendo que os hospitais brasileiros, com raras exceções, são péssimos lugares para uma pessoa ter uma parada cardíaca. “Precisamos suprir a falta de preparo dos profissionais em realizar as manobras de reanimação para salvar vidas o quanto antes”, defende o cardiologista. O assunto é tão urgente que o 73° Congresso Brasileiro de Cardiologia, que começa na sexta-feira (14), em Brasília (DF), terá um simpósio exclusivo sobre Emergências Cardiovasculares e Ressuscitação com o tema: ’Quão súbita é a morte súbita’. Um dos maiores especialistas no assunto, o professor de Medicina da Universidade do Arizona/EUA, Karl Kern, virá ao Brasil especificamente para participar do Simpósio. “Queremos mobilizar os especialistas e a sociedade como um todo para a importância de qualificar melhor os profissionais de saúde que estão à frente dos primeiros atendimentos e aprender um pouco mais com a experiência dos americanos”, explica Timerman.

O coordenador do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC destaca que a incidência de parada cardiorrespiratória raramente é relatada na literatura médica. “Os valores variam entre um e cinco eventos por 1.000 internações”, completa Sérgio Timerman apontando uma prevalência bastante elevada e que tem que ser considerada para preparar melhor as equipes. “Os relatos de sobrevivência a paradas em hospitais variam entre 15% e 20%”, diz Timerman. Dados do Registro Nacional de Reanimação Cardiopulmonar, realizado entre 2.000 e 2.002, nos Estados Unidos, com 14.720 paradas cardiorrespiratórias em adultos, em 207 hospitais, demonstraram que 44% dos adultos, vítimas dos eventos em hospitais, tiveram o retorno da circulação espontânea e 17% sobreviveram até a alta hospitalar. “Os números demonstram que preparo e agilidade no pronto atendimento salvam muitas vidas e estamos perdendo essa batalha por aqui”, finaliza o cardiologista.

A SBC possui centros de Treinamento em Emergências da SBC, em São Paulo e no Rio de Janeiro, que estão aptos a realizar os cursos de BLS (Basic Life Suport) para a população em geral, ACLS (Advanced Cardiac Life Support) voltados para os profissionais de saúde e PALS (Pedriatric Advanced Cardiac Life Support) adaptado para treinamento em emergências de crianças e bebês. Todos com o aval da American Heart Association (AHA). A SBC ainda ministra os cursos TECA A, TECA B e TECA L – Treinamento em Emergências Cardiovasculares desenvolvidos aqui no Brasil para a realidade de nosso país.

Informações e inscrições: cardio2018.com.br

Redação

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