Revogada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) no último dia 22 de fevereiro, a prática de Telemedicina gerou muita polêmica pela forma que foi adotada e apresentada, motivando fortes críticas e posicionamentos de inúmeras entidades médicas até a decisão ser divulgada.
Segundo Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (ANADEM), a realização de consultas, diagnósticos e cirurgias a distância no Brasil ainda precisarão superar alguns entraves como a precariedade tecnológica, a baixa capacidade de investimentos e a insegurança médica.
De acordo com o especialista, os possíveis erros da atividade seriam motivados pela falta de tato do médico com o paciente, fundamental na relação de atendimento, e até na imprecisão da mensagem transmitida via ligação.
Além disso, constata Raul Canal, a Telemedicina não é garantia de alcance. Os moradores dos vilarejos mais afastados teriam que contar com uma infraestrutura particular, como computador ou aparelho celular e sinal de internet ou telefonia que possibilitariam a chamada sem interferências ou interrupções, para obterem a qualidade do atendimento certificada.
“Ainda não há certeza de que os teleatendimentos funcionem tão bem quanto os atendimentos presenciais. Isso pode desencadear uma série de erros de diagnósticos, tratamentos imprecisos e uma crise na saúde pública, que se instalariam como consequência. Portanto, é fundamental que os meios científicos atestem a medida antes”, alerta Canal.
Para o presidente da ANADEM, no entanto, o Conselho Federal de Medicina terá, agora, a chance de pôr em prática todas as discussões que não foram realizadas no primeiro momento, antes da revogação.
“Precisamos discutir com o meio político, acadêmico, jurídico e, principalmente, científico, antes de tomar atitude e abrir espaço para novas insatisfações médicas”, explica Raul Canal.