Santa Casa de Porto Alegre realiza transplante inédito no Rio Grande do Sul

A solidariedade da família de um bebê com menos de 20 dias de vida possibilitou uma nova chance à pequena Laura Ixchel Gomes de Souza, de apenas 11 meses. Graças à doação de órgãos, Laura e sua família agora podem projetar um futuro de saúde e alegrias.

Em lista de espera desde setembro do ano passado – quando tinha cinco meses de vida – devido a uma atresia biliar* congênita (ou seja, a menina era portadora desta doença desde que nasceu), o transplante de fígado tornou-se a única esperança de cura e, no dia 23 de março, um órgão compatível com – pesando apenas 130 gramas – foi oferecido à Santa Casa pela Central de Transplantes do Rio Grande do Sul.

“O caso da Laura estava muito grave e a doença progredindo rapidamente, com a necessidade de transplante atingindo a pontuação máxima. Por isso, quando nos foi oferecido o fígado de um bebê de somente 19 dias, não hesitamos em salvar esta vida”, informa o coordenador do Programa de Transplante Hepático Infantil da Santa Casa Antônio Nocchi Kalil. O especialista salienta ainda que, no Rio Grande do Sul, este foi o primeiro transplante de fígado com um doador tão pequeno, tanto em relação ao tamanho do órgão, quanto a sua idade.

Agora, a pequena Laura encontra-se em recuperação na UTI do Hospital da Criança Santo Antônio, devendo ser transferida para a unidade de internação nos próximos dias. Para Jaqueline Gomes, mãe de Laura, “não existem palavras que possam agradecer o suficiente para esta família que autorizou a doação dos órgãos do seu filho, pois eles salvaram a vida da minha bebê”, cita, emocionada.

A lista de espera por um transplante de fígado pediátrico na Santa Casa conta com, em média, cinco crianças. “Não se trata de uma lista muito grande, pois nossa equipe é capacitada para realizar transplante de fígado intervivos, ou seja, a partir da compatibilidade entre algum familiar e o receptor”, explica Kalil.

O hospital é o único fora de São Paulo que realiza este tipo de procedimento de forma continuada, e que amplia as chances de cura de pequenos pacientes com doenças hepáticas, pois, neste caso, não é necessário aguardar por um órgão compatível de doador falecido. “Nosso índice de sucesso em transplantes intervivos é de 90%, entretanto, no caso da Laura não foi possível localizar um familiar compatível, sendo o transplante a partir de doador falecido a sua única chance de vida”, finaliza o especialista.

*a atresia biliar é uma má formação do fígado, na qual o portador nasce sem os canais da bile, ou seja, ele não consegue excretar a bile e o fígado fica rapidamente com cirrose.

Redação

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