A manipulação e o uso correto da medicação são pontos essenciais para trazer mais segurança aos pacientes. Para falar sobre esse tema, o Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA) convidou especialistas nacionais para sua 5ª Jornada de Farmácia Hospitalar. O evento ocorreu na sexta-feira (28), na Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS).
Promovido pelo Comitê de Farmácia do sindicato, o encontro reuniu mais de 200 profissionais. Para o presidente da entidade, Henri Siegert Chazan, a evolução do setor requer atualização constante. “São perceptíveis as mudanças no ramo da farmácia, com o crescimento de tecnologias para a prática, a segurança e a personalização de medicamentos para os pacientes”, salientou.
Durante a programação, Mayde Seadi Torriani, do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, abordou o preparo de quimioterápicos no dia a dia do farmacêutico na oncologia. “Toda prática e cuidado com prescrições e manutenção de drogas devem seguir protocolos internos de cuidados”, pontuou. No entanto, segundo a farmacêutica, é preciso atuar sempre próximo ao paciente e ao médico, pois a missão do profissional é ajudar para o bom desempenho do tratamento. Mayde detalhou aliados nesses cuidados, como uso de protocolos, monitoramento e auxílio farmacêutico na administração da medicação pelos familiares.
Abordando o monitoramento de eventos adversos, a farmacêutica Camila Rehen, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), disse que é preciso haver uma harmonia entre questões assistenciais e financeiras. “Somos responsáveis por todo o processo. Deve-se ter cuidado especial em atenção ao paciente e também a processos internos sustentáveis, evitando desperdícios e gerenciando compras”, afirmou.
A especialista apresentou métodos de monitoramentos internos para evitar possíveis adversidades com os pacientes. Também compartilhou dados de sua instituição sobre principais falhas identificadas, trazendo formas de melhorar o desempenho prático. “Precisamos implementar ações tecnológicas, como prescrições eletrônicas, armários de dispensação e códigos de barras. Tudo isso é necessário para evitar erros e gerir de forma eficaz a farmácia hospitalar.”
Segurança desde a prescrição
Ao dividir sua experiência como responsável técnica do Hospital Divina Providência, Michele John Müller apresentou ferramentas para aumentar a segurança de pacientes. Ela citou o sistema utilizado na área e parâmetros inseridos para apoiar no controle das recomendações. “Além desses exemplos, para o acerto no uso, também incluímos na intranet uma série de perguntas frequentes para consultas da assistência”, explicou, detalhando o cuidado em manter sempre atualizados os indicadores no sistema.
A utilização segura de medicamentos – especificamente os antimicrobianos – também foi tema da coordenadora de Farmácia Clínica do Hospital 9 de julho (SP), Daniela de Faria Appoloni. Durante sua palestra, foram expostos dados da última reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a resistência de bactérias a antibióticos e a importância do controle de indicações indevidas.
A palestrante falou sobre o método Antimicrobial Stewardship, diretriz internacional de controle da prescrição de drogas dessa linha. Utilizado pela instituição onde atua, a metodologia revisa as recomendações médicas a partir de uma equipe multidisciplinar – que inclui infectologistas, farmacêuticos e profissionais de saúde que trabalham no controle de infecções.
Gestão e assistência farmacêutica
Estratégias para o engajamento de pessoas e importância de feedbacks foram alguns dos assuntos trazidos por Renata Bidone, da RB Consultoria em Desenvolvimento. Consultora e mentora em desenvolvimento de pessoas, ela enfatizou o papel do farmacêutico como líder de equipes e peça importante na gestão da farmácia hospitalar.
A logística farmacêutica também foi assunto da jornada, em painel da gerente nacional de Logística Hospitalar da RV Ímola (SP), Patrícia Lazzarini. Rodrigo Aranda, da Bionexo, falou sobre tecnologia e inteligência na garantia de cobertura e nível dos serviços de estoques hospitalares.
Para fechar a programação, o painel sobre Assistência Farmacêutica reuniu três especialistas: Marinei Campos Ricieri, do Hospital Pequeno Príncipe (PR), falou sobre pediatria; Luana Velasco, do Hospital Moinhos de Vento, tratou de cuidados paliativos; e Bruno Simas da Rocha, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, abordou geriatria. A mediação foi de Gabrielli Guglielmi, do Hospital Mãe de Deus.