“Nunca imaginei um filho doente, muito menos com câncer. Mas aconteceu e minha Majú foi diagnosticada com Leucemia. Deus nos colocou no melhor hospital, com os melhores profissionais e nos presenteou com um lar. Sim, um lar! Quando não tínhamos ninguém, a Casa Ronald McDonald foi o nosso lar”. O depoimento, emocionado, é da dona de casa Diana Corrêa Sanclér, mãe da Majú, de 10 anos, que há quase um ano realizou o tratamento oncológico. Diana e Maju fazem parte do grupo de famílias que foram auxiliadas através de ações de ONGs como o Instituto Ronald McDonald, que age através de doações para melhorar as chances de cura do câncer infantojuvenil em todo o país.
E em meio ao cenário de crise e pandemia do coronavírus, a solidariedade tem sido uma solução para muitas famílias. Pensando em arrecadar recursos para reduzir os impactos da Covid-19, o Dia de Doar, realizado mundialmente no fim do ano, ganha uma edição extra: dia 5 de maio.
“O medo tem feito parte do nosso dia a dia, principalmente pelo nosso público alvo serem pacientes oncológicos, que fazem parte do grupo de risco pela imunossupressão causada pela quimioterapia. Então todo o cuidado é redobrado. O uso de equipamentos de proteção individual, como máscara, aventais, toucas, são extremamente importantes. A rotina das crianças também mudou todos eles tem que usar máscaras, assim como acompanhantes e responsáveis, as visitas ao hospital foram suspensas, o tempo de permanência deles dentro do hospital também foi diminuída ao máximo para que possamos protegê-los e nos proteger enquanto profissionais de saúde”, relata Poliana Oliveira, Coordenadora de Enfermagem da Oncopediatria do Hospital de Câncer de Mato Grosso.
A data original do evento, que promove a cultura de doação, permanece no segundo semestre – será em 1º de dezembro. Mas a emergência da situação atual exigiu um esforço adicional, que recebeu o nome Dia de Doar Agora.
A proposta da ação é celebrar as doações já recebidas e mostrar o poder da transformação da expansão da generosidade e engajamento de cidadãos, empresas e redes de filantropia em apoio às comunidades e ONGs por todo o Brasil, como é o caso do Instituto Ronald McDonald.
Como importante articulador da rede da oncologia pediátrica, a organização sem fins lucrativos busca mais do que nunca apoio de empresas e pessoas físicas para manter seus projetos e ajudar as crianças e adolescentes com câncer, que apresentam um quadro de imunidade muito frágil devido ao tratamento oncológico, sendo mais um perfil no grupo de risco.
“Os serviços de oncologia pediátrica têm muitos desafios no momento atual. Nosso principal foco é conseguir manter os tratamentos, receber novos pacientes, fazer diagnósticos, iniciar tratamentos e manter os tratamentos em curso. As doenças que tratamos o câncer, leucemia em crianças, elas não esperam. E, o malefício de um tratamento postergado, não feito no tempo correto, traz grandes riscos de vida para essas crianças. Então nosso foco é manter os tratamentos para que a gente não afete o prognostico dessas crianças. “, declara Isis Magalhães, médica oncohematologista e diretora técnica do Hospital da Criança de Brasília.
Com a missão de aproximar famílias da cura do câncer infantojuvenil, só em 2019, a organização sem fins lucrativos que depende exclusivamente de doações de pessoas físicas e empresas, realizou cerca de 95 mil atendimentos a crianças e adolescentes com câncer em tratamento e seus familiares. Foram beneficiados 76 projetos, de 52 instituições em 43 municípios de 21 estados no ano passado.
“O Instituto nos acolheu, nos deu atendimento psicossocial e nos repassou segurança e esperança. Sem o Instituto Ronald, talvez não conseguíssemos enfrentar o que enfrentamos”, lembra Diana, mãe da Majú.
No Brasil, o câncer é a doença que mais mata na faixa etária de 1 a 19 anos, segundo o Inca – Instituto Nacional de Câncer. A cada hora, no país, surge um novo caso de câncer em crianças e adolescentes.
“A pandemia pôde nos mostrar o poder da solidariedade e união do povo, com vontade de ajudar o próximo. Seja por meio de cidadãos, instituições ou empresas, o cenário de união é cada vez mais notório como forma de enfrentar a superar uma das maiores crises de saúde pública do mundo, e mais do que nunca precisamos de doações”, solicita o superintendente do Instituto Ronald McDonald, Francisco Neves.