O comitê independente de monitoramento de dados de segurança aprovou o estudo Coalizão 1. É a primeira análise pela qual passou a pesquisa que avalia a eficácia do tratamento com hidroxicloroquina – com ou sem adição de azitromicina – para melhorar o quadro respiratório de pacientes internados em hospitais brasileiros com quadros leves a moderados de Covid-19.
Cientistas australianos e neozelandeses verificaram que a investigação está sendo conduzida de maneira adequada e não detectaram evidências suficientes de riscos ou de benefícios para interromper precocemente a pesquisa. O Hospital Moinhos de Vento lidera este e mais seis estudos da Coalizão COVID Brasil, que congrega os hospitais Albert Einstein, Sírio-Libanês, HCor, Hospital Alemão Osvaldo Cruz e Beneficência Portuguesa de São Paulo. Também fazem parte do grupo a Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet) e do Brazilian Clinical Research Institute (BCRI).
Segundo Regis Goulart Rosa, médico intensivista e pesquisador do Moinhos de Vento que é membro do comitê diretivo da Coalizão COVID Brasil, os resultados consolidados devem ser divulgados entre o final de maio e o início de junho. “As análises interinas contribuem para garantia da qualidade do estudo e, também, para constatação precoce de benefícios ou riscos das intervenções avaliadas”, destaca.
Avaliação criteriosa
Pellos resultados parciais do estudo, segundo o médico, ainda não é possível dizer se um dos tratamentos avaliados – hidroxicloroquina em monoterapia, ou associação da hidroxicloroquina com a azitromicina, ou o tratamento usual – é melhor do que os outros. “Se em algum desses momentos tivermos uma evidência de efetividade ou se for comprovado risco, podemos ter uma conclusão antes do prazo estimado. Mas tudo passa pela avaliação criteriosa dos órgãos reguladores e entidades científicas”, destaca.
Até o momento, 474 pacientes foram recrutados. São pessoas que necessitaram de internação e alguns que, eventualmente, precisaram de oxigênio. Além de observar se a hidroxicloroquina é eficaz para o tratamento desses casos, os pesquisadores também analisam se a adição do antibiótico azitromicina pode potencializar o efeito do remédio e se traz algum benefício adicional. Até o final, 630 pacientes devem ser avaliados.
A Coalizão
Segundo Regis Goulart Rosa, a iniciativa Coalizão COVID Brasil está com sete protocolos de pesquisa em andamento. “Esses estudos trarão respostas importantes sobre a eficácia e segurança de potenciais tratamentos medicamentosos e, também, sobre o impacto da doença causada pelo novo coronavírus na qualidade de vida das pessoas”, conclui.
A aliança interinstitucional Coalização COVID Brasil conta com o apoio do Ministério da Saúde e de laboratórios farmacêuticos como EMS, Ache e Bayer. Ao todo, mais de 3 mil pacientes serão acompanhados pelo projeto por um ano após a alta hospital. Mais de 80 hospitais do país estão envolvidos no recrutamento e nas pesquisas.
Saiba mais sobre os sete estudos:
- Coalizão 1: Avaliação da eficácia e segurança da hidroxicloroquina em monoterapia ou em associação com azitromicina em pacientes hospitalizados com quadros leves a moderados.
- Coalizão 2: Avaliação da eficácia e segurança da hidroxicloroquina em monoterapia ou em associação com azitromicina em pacientes hospitalizados com quadros graves.
- Coalizão 3: Avaliação da eficácia e segurança da dexametasona em pacientes hospitalizados com Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA).
- Coalizão 4: Avaliação da eficácia e segurança da anticoagulação a pleno em pacientes hospitalizados com quadros leves a moderados.
- Coalizão 5: Avaliação da eficácia e segurança da hidroxicloroquina em monoterapia em pacientes ambulatoriais.
- Coalizão 6: Avaliação da eficácia e segurança do Tocilizumabe em pacientes hospitalizados com fatores de risco para desenvolvimento de formas graves.
- Coalizão 7: Avaliação da qualidade e desfechos de longo prazo em pacientes sobreviventes de hospitalização por Covid-19.