O Centro de Estudos do Grupo Leforte está coordenando um estudo prospectivo, controlado e multicêntrico, que avaliará nova estratégia de anticoagulação no tratamento da doença arterial periférica (DAP), com o objetivo de reduzir revascularização, amputação, reestenose/oclusão e eventos cardiovasculares adversos maiores (infarto, morte ou AVC) em pacientes submetidos a angioplastias de membros inferiores. A DAP apresenta uma prevalência de 10 a 25% na população acima de 55 anos, sendo que aumenta com a idade, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular.
O desenho do estudo clínico, batizado de Agrippa trial, foi publicado no final de junho pela American Heart Journal, uma das mais renomadas revistas do meio científico. A investigação foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa e pela Comissão Científica do Grupo Leforte, e está registrada na plataforma internacional de pesquisa clínica (clinicaltrials.gov: NCT04229264).
Estudo
Por 12 meses será testada a administração da apixabana, um medicamento da classe dos anticoagulantes diretos orais (DOACs), com ácido acetilsalicílico (aspirina). A eficácia e a segurança dessa combinação serão comparadas aos do tratamento padrão, que é feito com ácido acetilsalicílico e clopidogrel.
De acordo com os coordenadores da pesquisa, será testado o potencial dessa nova terapia em melhorar a qualidade de vida de pessoas que sofrem de DAP, reduzindo-se os casos de amputações e reestenose.
“A terapia padrão com ácido acetilsalicílico é usada para evitar o entupimento das artérias e vasos sanguíneos. Porém, não é tão eficaz. Cerca de 65% dos indivíduos que colocam um stent arterial para reduzir os sintomas da DAP terão uma reestenose do membro, e possivelmente até uma amputação do membro acometido em até um ano”, diz Eduardo Ramacciotti, senior-author do desenho do estudo, especialista na área cardiovascular e diretor clínico do Centro de Estudos do HMCG. A expectativa do estudo é reduzir esses casos extremos em até 30%.
O que é DAP?
A Doença Arterial Periférica (DAP) é uma situação que ocorre em virtude do estreitamento ou obstrução dos vasos sanguíneos arteriais, responsáveis por levar o sangue que nutre as extremidades do corpo, como braços e pernas. O mais comum é que a doença se manifeste nos membros inferiores.
Os fatores que costumam aumentar o risco de DAP incluem: tabagismo, diabetes, obesidade, hipertensão, colesterol alto, idade avançada (geralmente acima dos 50 anos), além de histórico familiar, doença cardíaca ou acidente vascular cerebral (AVC).
Ao todo, serão 200 participantes da pesquisa, acompanhados ambulatorialmente nas três unidades da instituição: Liberdade, Morumbi e no Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, em Santo André (SP). O estudo também está sendo conduzido em mais outras 8 instituições hospitalares coordenadas pelo Centro de Pesquisa do Leforte.
O Centro de Estudos do Grupo Leforte foi criado em 2013 no Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, unidade da rede localizada em Santo André. Este ano, o Centro ampliou sua abrangência, atuando junto ao corpo clínico e pacientes das outras unidades hospitalares do Leforte, nos bairros da Liberdade e do Morumbi. O objetivo é tornar a instituição uma referência em inovação e pesquisa clínica nacional, e contando também com importantes colaborações internacionais. Atualmente, a equipe liderada por Dr. Eduardo Ramacciotti tem cerca de 20 estudos clínicos em andamento.
