Um estudo feito com a participação de uma médica dermatologista do Hospital Estadual de Doenças Tropicais Anuar Auad (HDT), gerido pelo Instituto Sócrates Guanaes (ISG), em Goiânia (GO) foi publicado pela revista internacional Dermatologic Therapy. Desenvolvido pelos dermatologistas da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), Hélio Amante Miot e Paulo Muller Ramos, e pela dermatologista do HDT, Mayra Ianhez, o estudo “Androgen sensitivity in Covid-19 and antiandrogens: prospective data are still needed” buscou avaliar drogas antiandrogênicas usadas no tratamento do novo coronavírus.
A Dra. Mayra Ianhez destaca que foi idealizado um questionário on-line para a pesquisa, que começou em março de 2020, com mais de 1000 pacientes com Covid-19 positivo e com mais de 40 mil pessoas não infectadas. “O questionário virtual foi aprovado pelo Comitê de Ética da UNESP e resultou em três estudos, sendo o primeiro sobre lesões de pele em pacientes com o vírus, o segundo sobre os fatores de risco para pior evolução em pacientes com o Covid-19, e o último estudo, publicado pela revista Dermatologic Therapy, que avaliou várias drogas que atuam contra os hormônios masculinos, como a testosterona, no tratamento da doença”.
A dermatologista explica que estudos mais recentes, mostram que os homens têm pior prognóstico para o vírus, e que a calvície, relacionada ao hormônio masculino, pode ser um fator de risco para a infecção por Covid-19. “Vários autores internacionais propuseram o uso de drogas antiandrogênicas, como a finasterida e a espironolactona, para bloquear esses hormônios. Nossa pesquisa avaliou algumas dessas drogas, e chegou à conclusão de que esses medicamentos não tiveram efeito profilático ou de tratamento, ou seja, não impediram que o paciente contraísse a doença, nem que a doença fosse mais leve”.
Outros estudos
Esse mesmo questionário também possibilitou que os três pesquisadores redigissem mais dois artigos científicos. Um deles buscou identificar a importância da pele como um marcador da infecção pelo coronavírus, mostrando os padrões dermatológicos da doença como fundamental no auxílio do diagnóstico. Os pesquisadores descobriram que 22% dos pacientes com Covid-19 positivo apresentam lesões de pele, podendo ser o único sinal da doença, em alguns casos.
O outro estudo avaliou os fatores de risco para um pior desfecho da doença, como hipertensão, obesidade, diabetes, doença cardiovascular e idade avançada, além de confirmarem que pacientes com calvície e grisalhos, independentes da idade, tinham um risco maior para doença mais grave.
Esses dois estudos aguardam avaliações de revistas científicas de alto impacto na Dermatologia internacional.