Santa Casa de Porto Alegre realiza quatro transplantes em crianças em 25 dias

Foto: Carol Fornasier

O sonho da Ana Lavínia, de 9 anos, era ficar “branquinha” de novo. A pele e os olhos amarelados que a acompanharam durante anos foram resultado de uma atresia biliar, doença grave que acomete o fígado, incompatível com a vida. A história da pequena catarinense de Florianópolis se cruzou no último mês com a de Manoel, Lucas e Christian, todos portadores de sérios problemas hepáticos que levam à morte. O fato que une este quarteto é que, desde 28 de agosto, todos eles passaram por transplantes de fígado a partir de doadores vivos na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS), sendo, o menor deles, submetido à cirurgia com apenas quatro meses.

A cirurgia da menina, a mais recente dessa “série”, ocorreu no dia 21 de setembro e foi possível graças à compatibilidade do fígado da sua mãe, Claudia. A atresia biliar pode levar à morte, e, conforme explica o diretor médico da Santa Casa e chefe da equipe de transplante hepático Antônio Kalil, a opção de realizar o transplante em crianças com doador vivo – na maioria das vezes o pai ou a mãe – é a única saída para salvar a vida destes pequenos pacientes “pois devido ao tamanho destes pacientes, torna-se muito difícil encontrar doador falecido compatível. Por isso, a única chance de cura para estas crianças era a realização de transplante com doador vivo”, explica o médico.

Dias após o procedimento de Ana Lavínia, que aconteceu no dia 21 de setembro e durou 13 horas, a gastroenterologista pediátrica e coordenadora da equipe de transplante hepático pediátrico da Santa Casa Melina Melere cumpriu a promessa que havia feito para a menina dias antes do transplante: “Prometi para ela que dois dias após o transplante eu levaria um espelho para ela se olhar e conferir o quanto estaria branca. Levei um pequeno espelho até o leito de UTI onde ela estava e a reação dela foi a mais linda e espontânea possível, ela dizia: ‘estou branquinha de novo, o sonho da minha vida, esse dia chegou´. Foi incrível e todos que estavam presentes foram às lágrimas”, relata a médica.

A atual equipe de transplante hepático da Santa Casa é composta por 13 pessoas, entre clínicas hepatologistas pediátricas, cirurgiões, ecografista, radiologista intervencionista e anestesistas. É referência brasileira no tratamento de doenças do fígado em crianças e adolescentes, com uma das maiores experiências do país nessa área, fato comprovado pela origem dos pacientes transplantados nestes últimos dias: Santa Catarina e Pará, além de cidades do Rio Grande do Sul.

Todos os quatro pacientes recuperam-se bem e os três meninos tiveram alta essa semana, enquanto Ana Lavínia deve permanecer internada até meados de outubro na Unidade de Internação do Hospital da Criança Santo Antônio – pois seu transplante é mais recente.

Redação

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