Muito se ouviu falar sobre o uso de um “pulmão artificial” no tratamento do ator e diretor Paulo Gustavo, internado com um quadro grave da Covid-19. Essa técnica se chama extracorporeal membrane oxygenation (ECMO) ou, em português, oxigenação por membrana extracorpórea, e fornece suporte respiratório e/ou cardíaco ao paciente por meio de dispositivos mecânicos para que o órgão afetado tenha tempo de se recuperar. O sangue é drenado para o aparelho por meio de uma cânula, sendo então bombeado para uma membrana. Lá, o sangue é aquecido e são realizadas as trocas gasosas para que ele possa retornar ao paciente.
Apesar de instituições como o National Institutes of Health (NIH) considerarem a utilização da ECMO nos cuidados intensivos dos pacientes com Covid-19 inconclusiva ante o volume de dados científicos disponíveis, algumas pesquisas apontam que pode haver benefícios. Um dos estudos publicados pelo American College of Surgeons (ACS) aponta a ECMO como uma opção terapêutica válida após uma criteriosa avaliação dos fatores clínicos do paciente, sendo considerada a última linha de defesa para pacientes cuja terapia medicamentosa é insuficiente.
Dentre as razões para a cautela na adoção da terapia é a necessidade da existência de uma equipe multiprofissional altamente capacitada para a operação e que ela seja feita em centros especializados listados pela Extracorporeal Life Support Organization (Elso), como a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, por exemplo. A Elso é responsável pelos protocolos de utilização, registro de uso, informação e pesquisa em ECMO, e disponibiliza diretrizes, recomendações e contraindicações para o uso da técnica em pacientes com Covid-19.
Para comentar sobre esse assunto e outras novidades da área, a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, referência em atendimento médico no país, disponibiliza diversos especialistas para entrevistas, incluindo a médica Larissa Gondim, que é instrutora do capitulo latino-americano da Elso. Não deixe de nos procurar quando necessitar de uma fonte médica para sua pauta.
Saiba mais sobre a terapia que tem salvado pacientes vítimas da Covid-19
A Covid-19 é uma doença que acomete todo o organismo, sendo os pulmões os órgãos mais acometidos pela doença. Em casos mais graves a inflamação pode causar a falência pulmonar com a consequente ineficiência das trocas gasosas e a morte celular.
Indicada para pacientes com grave disfunção pulmonar ou cardiopulmonar, a ECMO vem ganhando notoriedade no cenário atual da pandemia. Através desta terapia é possível substituir, por um tempo limitado, a função pulmonar enquanto a doença de base é enfrentada. A ECMO é um tratamento de suporte complexo, que requer equipamentos específicos e equipe multidisciplinar.
No entanto, não se trata de uma tecnologia atual como muitos pensam. A ECMO foi realizada pela primeira vez em 1971, em Michigan, nos Estados Unidos. Em Minas Gerais, a Rede Mater Dei foi pioneira ao incorporar essa terapia em 2019. Atualmente, 50 anos após sua descoberta, essa terapia vem trazendo esperança às vítimas graves do Coronavírus.
Porém, pouco se sabe popularmente sobre essa terapia e sua forma de atuação, indicações e contra indicações. A médica coordenadora do programa de ECMO e da Cardiologia Pediátrica da Rede Mater Dei, Marina Pinheiro Rocha Fantini esclareceu várias dúvidas sobre o procedimento. Confira:
Como funciona essa terapia?
Uma cânula é introduzida em uma veia calibrosa do paciente. O sangue é drenado por uma bomba e direcionado à uma membrana oxigenadora, que funciona como um pulmão artificial. Nesta membrana as trocas gasosas essenciais à vida são realizadas: o sangue recebe oxigênio e retira-se o gás carbônico. O sangue de qualidade, ou arterializado, é devolvido ao paciente através de outra cânula, também inserida em uma veia calibrosa, no contexto da ECMO VV.
Quais os pacientes que se beneficiam da ECMO?
A ECMO não é uma terapia utilizada em todos os pacientes que estão acometidos pela Covid-19, pois é complexa e gera riscos. Considera-se que a taxa de mortalidade dos pacientes submetidos a este procedimento fica entre 40% e 50%. Então, a terapia só se justifica quando estamos diante de um paciente que tem uma chance maior do que 60% de falecer.
A ECMO só deve ser indicada quando:
1) O paciente não respondeu às medidas clínicas habituais instituídas;
2) Paciente apresenta doença com caráter reversível, afinal, esta é uma terapia de suporte;
3) Ausência de contraindicação.
Quais seriam as contraindicações?
Pacientes com mais de 70 anos não são bons candidatos à ECMO, a morbimortalidade desses doentes é muito alta;
Pacientes com prognóstico desfavorável: sequelas de doenças neurológicas, pacientes oncológicos sem chance de cura, pacientes acometidos por doenças cuja reversibilidade seja improvável;
Pacientes que não podem ser anticoagulados.
Marina Fantini reforça sobre a capacitação da equipe e segurança do procedimento realizado na Rede Mater Dei de Saúde: “A equipe de ECMO da Rede Mater Dei é multidisciplinar por essência. Cirurgiões, intensivistas, enfermeiros, fisioterapeutas e cardiologistas, todos especialistas em ECMO e certificados para cuidar destes pacientes”.
A terapia é realizada nos CTIs, adulto e pediátrico, de todas as unidades da Rede Mater Dei de Saúde que disponibiliza de ampla estrutura física, tecnologia e equipes multidisciplinares com atendimento humanizado para atender nossos pacientes com rapidez, conhecimento técnico, assertividade e empatia.