Doenças inflamatórias intestinais podem causar maior vulnerabilidade na resistência imunológica, facilitando complicações como Covid-19

As doenças inflamatórias intestinais, também conhecidas como DIIs, são caracterizadas pela inflamação constante do revestimento do trato gastrointestinal, região responsável pela digestão de alimentos. Maio é o mês dedicado à conscientização das doenças inflamatórias intestinais, cuja incidência tem aumentado significativamente no país, segundo pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Esta condição se manifesta em dois principais quadros, a doença de Crohn, que pode atingir diversas regiões do trato digestivo, e a colite ulcerativa, cuja área afetada se limita ao intestino grosso (cólon e reto). Os pacientes acometidos por estas complicações podem ser considerados parte do grupo de risco, principalmente no caso do uso de medicamentos imunossupressores. Além disso, as repercussões causadas por DIIs podem levar a uma maior vulnerabilidade da resistência imunológica, facilitando a incidência de outras doenças, como a Covid-19.

Com sintomas gerais e locais, as doenças inflamatórias intestinais podem causar dores abdominais frequentes, além de uma mudança repentina na frequência de evacuação, podendo se apresentar como diarreia ou constipação com muco e/ou sangue. Vale ressaltar que os sintomas da doença de Crohn e da Colite ulcerativa são consideravelmente similares, porém com repercussões que diferem em relação à gravidade, e, por isso, destaca-se a relevância de um diagnóstico precoce. Segundo o Dr. Rafael Sanchez Neto, especialista em coloproctologia do Hospital Santa Catarina – Paulista, o modo de manifestação de ambas as doenças são variáveis e dependem do local de inflamação. “Outros sintomas incluem emagrecimento, febre, anorexia, mal-estar geral e fadiga”, complementa o especialista. Uma pesquisa brasileira da UFMG, realizada em 2019, que utilizou como base 160 mil participantes de todos os 27 estados, demonstrou que a prevalência da Colite ulcerativa é 18% maior do que a doença de Crohn no país.

O diagnóstico de ambos os quadros requer determinadas etapas para garantir maior precisão, sendo a primeira uma avaliação do histórico médico do indivíduo, que irá excluir quaisquer outras possíveis causas para a inflamação. “Em seguida, o quadro do paciente será analisado com base em exames laboratoriais, marcadores sorológicos e exames, como endoscopia digestiva alta, colonoscopia, enteroscopia com duplo balão e cápsula endoscópica”, adiciona o Dr. Sanchez. Além disso, podem ser solicitados exames de imagem como o trânsito intestinal, tomografia computadorizada com enterotomografia, ressonância magnética, e, até mesmo, ultrassonografias e biópsias.

O processo de diagnóstico é complexo e essencial para prevenir o desenvolvimento destas doenças, que podem levar a incidência de outras complicações de gravidade elevada. “As mais frequentes são câncer de cólon, inflamação da pele, olhos e das articulações, colangite esclerosante primária (inflamação dos condutos orgânicos que conectam o fígado), coágulos no sangue (veias e artérias), obstrução intestinal, desnutrição, úlceras em qualquer parte do trato digestivo, fístulas entre alças intestinais, órgãos internos e na região perineal, megacólon tóxico e desidratação grave”, adiciona o médico. Há também certa preocupação em relação às repercussões psicológicas destas condições que, se não acompanhadas adequadamente, podem contribuir para o agravamento do quadro, portanto o acompanhamento psicológico é imperativo.

Vale notar que existem determinados fatores de risco que podem elevar a probabilidade de desenvolvimento de uma doença inflamatória intestinal. Estes levam em conta a idade, histórico médico familiar, fatores ambientais, hábitos de alimentação e exercício. As DIIs frequentemente surgem em indivíduos com idade inferior ou igual a 30 anos, porém também podem se apresentar posteriormente. Para aqueles que apresentam histórico familiar ligado às DIIs, hábitos tabagistas ou que consomem quantidade irregular de alimentos gordurosos e processados, o risco também se torna maior. Além disso, existem fatores ambientais que, mesmo estando fora do alcance da população, ainda são capazes de aumentar a probabilidade de desenvolvimento destas complicações. Entre estes estão a permanência em regiões mais industrializadas, devido aos índices de poluição, e as regiões com clima frio.

Redação

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