Em um pequeno hospital militar de São Gabriel da Cachoeira, cidade de menos de 50 mil habitantes, que fica no Amazonas e faz fronteira com a Venezuela e a Colômbia, foram instalados dispositivos capazes de mandar sinal eletrocardiográfico para ser analisado no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, distante mais de três mil quilômetros. Em até cinco minutos o diagnóstico realizado em um dos maiores centros acadêmicos de assistência em saúde na área cardiovascular do país estará à disposição do centro médico do interior amazonense.
Está é a telemedicina, que não se resume apenas na consulta médica feita de modo on-line, mas na celeridade dos diagnósticos, capaz de fornecer informações preciosas para a prática clínica, sem considerar distâncias, além de promover o intercâmbio de informações entre os profissionais, beneficiando o paciente, que recebe os melhores protocolos de tratamento.
Apesar de ter surgido há mais de dez anos, depois de duas décadas de pesquisa em tecnologia da informação aplicada à área, a telemedicina só conseguiu se tornar popular por conta da pandemia do novo Coronavírus. “Podemos afirmar que se a pandemia tem um lado bom, seria esse: a necessidade de isolamento social fez as práticas remotas serem incorporadas na rotina, independente de esta ser ou não nossa primeira opção”, analisa o diretor da SOCESP Ricardo Pavanello.
“A telemedicina não promoveu afastamento, muito pelo contrário: numa dimensão de segurança, pelos devices, foi possível visitar remotamente a partir das unidades de isolamento, fazendo com que, inclusive, familiares ganhassem proximidade com seus entes durante o processo de recuperação hospitalar”, diz o diretor. “A especialidade veio para aproximar e não para esfriar a relação entre as partes”.
Pavanello irá coordenar o painel ‘Medicina do século 21- evolução ou crise?’, durante o 41º Congresso Virtual da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, que acontece entre os dias 10 e 12 de junho. ‘Telemedicina – instrumento imprescindível ou nêmesis?’; ‘Big data – novo paradigma do conhecimento’; ‘Essa ferramenta mudará a prática médica?’ e ‘Como será o médico das próximas décadas?’ são os temas de discussão da mesa.
Inteligência artificial
Por detrás da telemedicina estão investimentos robustos em pesquisa e desenvolvimento para que os processos de comunicação eletrônica aconteçam, aumentando a velocidade e a integração entre médicos pacientes e familiares.
Segundo Pavanello, é inevitável o contato cada vez maior com a inteligência artificial. “As máquinas não só reproduzem a capacidade humana de pensar e resolver problemas como também, no sentido contrário, chegam para nos ensinar a pensar de forma mais assertiva”, diz. “A medicina é hoje a integração de todos os recursos de big data aplicados à saúde com ganhos consideráveis aos pacientes”.
41º Congresso Virtual da SOCESP
Data do evento: 10 a 12 de junho
Tema: Medicina do Século XXI – Evolução ou crise
Palestrantes: Guilherme Rabello e Bráulio Luna Filho
Data: 12 de junho
Horário: 13h às 14h