No mundo, todos os dias 830 mulheres morrem de causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto. E, anualmente, 2,5 milhões de bebês morrem logo após nascer. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, essa tragédia foi agravada pela pandemia, com o registro de 38 óbitos maternos por Covid-19 a cada semana em 2021, segundo o Observatório Obstétrico Brasileiro. Esta situação dramática pode e deve ser evitada. A maioria das mortes durante a gravidez decorre de causas que poderiam ser tratadas. Por isso, mais de 30 entidades se uniram e criaram a Aliança Nacional para o Parto Seguro e Respeitoso. O lançamento ocorre nesta terça-feira (17), das 19h às 20h30, por meio virtual. A iniciativa é apoiada pela apresentadora Angélica.
A Aliança Nacional foi criada atendendo ao chamado da OMS, que escolheu o ‘Cuidado materno e neonatal seguro’ como tema do Dia Mundial da Segurança do Paciente 2021, comemorado em 17 de setembro. Na solenidade de lançamento, serão apresentados a logomarca e a identidade visual da Aliança Nacional, seu hotsite aliancapartoseguro.org.br e o vídeo oficial de sua primeira campanha, intitulada ‘Aja Agora para um parto seguro e respeitoso’, que continua até setembro. Também serão anunciados os membros do Conselho Científico desse novo coletivo pelo direito das mulheres e dos recém-nascidos ao cuidado seguro e de qualidade durante a gestação, parto e puerpério.
Uma das coordenadoras desse movimento é a Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP). O presidente da entidade, médico Victor Grabois, destaca que a complexidade dos problemas no Brasil exige não apenas que as organizações de saúde tomem iniciativas específicas para reverter as estatísticas de mortalidade materna e neonatal. “Demanda uma resposta coletiva, abrangente, multiprofissional. Esse é o nosso objetivo, unir forças para potencializar resultados”, explica.
Em sua missão, a Aliança Nacional para o Parto Seguro e Respeitoso seguirá dez 10 diretrizes principais, definidas pelas entidades que a integram: Equidade, Respeito, Redes de Atenção, Parto Adequado, Prevenção à Mortalidade Materna, Prevenção da Prematuridade, Letramento, Empoderamento e Engajamento e Participação da Família. Não por acaso, a primeira diretriz é a Equidade. Conforme o Ministério da Saúde divulgou em 2020, de todos os óbitos maternos ocorridos em 2018, 65% foram de mulheres com a cor da pele negra/parda.
“Todas as mulheres precisam ter acesso ao cuidado pré-natal e à assistência adequada durante o parto e no puerpério. A saúde materna e do recém-nascido estão intimamente ligadas”, alerta a enfermeira Betânia Santos, presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). “É particularmente importante que todos os partos sejam assistidos por profissionais de saúde qualificados, uma vez que o tratamento oportuno pode fazer a diferença entre a vida e a morte da mãe e do bebê”, acrescenta.
Conforme a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), as principais complicações, que representam quase 75% de todas as mortes maternas, são a hipertensão (pré-eclâmpsia e eclampsia); as hemorragias graves (principalmente após o parto); as infecções (normalmente depois do parto); as obstruções no parto e os abortos inseguros.
A pré-eclâmpsia deve ser detectada e adequadamente tratada antes do início das convulsões (eclâmpsia) e outras complicações potencialmente fatais. “Administrar drogas como sulfato de magnésio a pacientes com pré-eclâmpsia pode diminuir o risco de eclampsia”, comenta Rômulo Negrini, coordenador médico de obstetrícia do Hospital Israelita Albert Einstein. O médico, que é professor doutor de Obstetrícia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, alerta que a hemorragia grave após o nascimento pode matar uma mulher saudável em poucas horas caso ela não seja atendida prontamente. “O uso de oxitocina logo após o parto é uma medida simples e eficaz que previne até 60% dos casos de hemorragia puerperal.”
Já a infecção após o parto pode ser eliminada com a prática de uma boa higiene e a detecção e tratamento precoces. Para evitar mortes maternas, também é vital prevenir gestações indesejadas e precoces. Todas as mulheres, incluindo adolescentes, precisam ter acesso a informações, a métodos contraceptivos e aos serviços que realizem abortos seguros, na medida em que a legislação permita, e uma atenção de qualidade após o aborto.
Outros fatores que impedem as mulheres de receberem ou procurarem cuidados durante a gestação e o parto são a pobreza, a falta de informação e os serviços de saúde inadequados. Para melhorar a saúde materna, as barreiras que limitam o acesso a serviços de qualidade devem ser identificadas e enfrentadas em todos os níveis do sistema de saúde. Trabalhar por essas mudanças é o propósito da Aliança Nacional para o Parto Seguro e Respeitoso.
ONG Prematuridade.com
A Associação Brasileira da Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com, é a única organização sem fins lucrativos dedicada, em âmbito nacional, à prevenção da prematuridade, à educação continuada para profissionais de saúde e à defesa de políticas públicas voltadas aos interesses das famílias de bebês prematuros.
A ONG é referência para ações voltadas à prematuridade e representa o Brasil em iniciativas e redes globais que visam o cuidado à saúde materna e neonatal. A organização desenvolve ações políticas e sociais, bem como projetos em parceria com a iniciativa privada, tais como campanhas de conscientização, ações beneficentes, capacitação de profissionais de saúde, colaboração em pesquisas, aconselhamento jurídico e acolhimento às famílias, entre outras.
Atualmente, são cerca de 5 mil famílias cadastradas, mais de 150 voluntários em 21 estados brasileiros e um Conselho Científico Interdisciplinar de excelência.
Informações: www.prematuridade.com