Nos últimos anos, a obesidade tem se tornado um grave problema de saúde pública que acarreta custos tanto para pacientes como para instituições de saúde. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, divulgada pelo IBGE, a proporção de obesos mais que dobrou no país entre 2003 e 2019, considerando a população com 20 anos ou mais. O número saltou de 12,2% para 26,8% nesse período. A obesidade é uma condição de saúde crônica universal, que envolve componentes genéticos, psicológicos, sociais, metabólicos e endócrinos. Ainda de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, em 2019, uma a cada quatro pessoas com 18 anos ou mais estava obesa no país, o que representa 41 milhões de pessoas (14% dos mais de 213 milhões de brasileiros).
Um dos recursos existentes para ajudar a melhorar a saúde de pessoas com obesidade e, consequentemente, aumentar a sua qualidade de vida é a Gastroplastia, também conhecida como cirurgia bariátrica. A técnica consiste em realizar uma plástica no estômago que pode ser para diminuição do tamanho do órgão ou da ingestão, gerando uma redução nos índices de mortalidade e na incidência de comorbidades resultantes de complicações do sobrepeso.
Com o avanço da técnica, bem como da medicina, e com o intuito de amenizar os problemas da obesidade, tem sido notado um aumento da indicação médica por esta cirurgia. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), em 2019 foram realizados 68.530 procedimentos, 7% a mais do que em 2018. O total de cirurgias realizadas em 2019 representa apenas 0,5% da população de portadores de obesidade grave, que atinge cerca de 13,6 milhões de pessoas com indicação de tratamento cirúrgico. Ainda de acordo com os dados levantados pela SBCBM, o sistema público de saúde realizou 12.568 intervenções, representando um aumento de 10,2% em relação a 2018. Já na rede privada, foram realizadas 55.962 cirurgias bariátricas, indicando um crescimento de 6,4% se comparado ao ano anterior.
Entretanto, após a realização da cirurgia, o paciente precisa ser acompanhado. “O tratamento para sucesso desse procedimento é muito mais do que “operar”, ele envolve os cuidados e a participação de endocrinologistas, nutrólogos, psiquiatras, cardiologistas, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos, que irão orientar e ajudar o paciente a se alimentar de forma nutritiva e balanceada. Essa atuação conjunta, além de evitar complicações cirúrgicas, proporciona bem-estar ao combinar uma vida saudável à gastroplastia”, explica Paula Quitério, nutricionista, pós-graduada em Saúde Nutricional e coordenadora clínica da Sodexo On-site Brasil.
Entendendo a necessidade de contribuir com sua expertise em alimentação, para promover mais saúde para as pessoas no dia a dia e ajudar na recuperação de pacientes que realizaram intervenções cirúrgicas como a Gastroplastia, a Sodexo On-site Brasil, líder em serviços de Qualidade de Vida, reuniu orientações para apoiar os cuidados pós-operatórios.
Primeira fase – dieta líquida
Esta fase compreende as duas primeiras semanas após a cirurgia e caracteriza-se como uma fase de adaptação. A alimentação é liquida e em pequenos volumes (em torno de 50 ml por refeição a cada 30 minutos). Para evitar deficiências nutricionais, o uso de suplementos em pó deve ser iniciado desde os primeiros dias desta fase.
Segunda fase – dieta pastosa
Nesta fase ocorre a inclusão de alimentos na consistência de cremes e purês. O objetivo principal é manter o repouso gástrico e iniciar a transição para dieta branda, que exigirá uma mastigação exaustiva. O tempo médio de duração desta segunda fase deve ser de 7 a 10 dias. Nela, o paciente além de identificar possíveis intolerâncias alimentares, deve ser orientado a iniciar sua refeição sempre pela fonte de proteína.
Terceira fase – dieta branda
Aqui, a seleção dos alimentos é de fundamental importância. Devem-se priorizar opções mais nutritivas, incluindo fontes diárias de proteínas e ferro (como carnes moídas e desfiadas), cálcio (leite e derivados) e vitaminas (frutas e vegetais cozidos). O paciente deverá receber um treinamento para aprender a identificar os alimentos mais ricos nestes nutrientes e escolher as principais fontes de minerais e vitaminas para compor suas refeições diárias. Essa fase dura, em média, 15 dias.
Quarta fase – dieta geral
Nesta fase, o paciente já pode selecionar os alimentos que lhe tragam mais conforto, satisfação e qualidade nutricional. Normalmente, pacientes mais ansiosos, que não reaprenderam o processo de mastigação lenta, tendem a apresentar desconforto e até vômitos dependendo do tipo de alimento utilizado. “O mais importante é seguir com o trabalho de uma alimentação nutritiva e balanceada para obter os melhores resultados e prolongar os efeitos positivos da cirurgia. O paciente precisa ter a consciência de que se mantiver uma vida saudável daqui para frente, todo o esforço do pós-operatório será compensado e ele terá uma vida com mais qualidade”, afirma Paula Quitério.
Lembrando que o tempo de transição de cada fase pode variar de acordo com o tipo de procedimento realizado e se houve ou não complicações cirúrgicas que podem impactar na introdução dos alimentos, pois não existe uma regra de quanto tempo cada fase deve durar, o que existe é um tempo pré-determinado para mudança das fases. Então é muito importante seguir corretamente as condutas indicadas pelos profissionais responsáveis.