O suicídio está entre as dez principais causas de morte na maioria dos países, principalmente nos desenvolvidos. Todos os anos cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio. Por ser um ato teoricamente previsível é ocasionalmente citado como a “principal causa de morte desnecessária e prematura”.
Por razões como pressões sociais, crenças culturais e morais, preconceitos e incompreensões médicas, as discussões sobre suicídio e pensamentos suicidas nem sempre eram tratadas como patologia. No entanto, há uma necessidade clara de melhorar a detecção do risco e de desenvolver intervenções mais eficazes para atenuar ou, idealmente, eliminar o risco de suicídio na prática clínica.
Por isso o suicídio tem sido visto, cada vez mais, como um desafio de saúde pública, com a adoção de programas preventivos e a preparação de médicos e demais profissionais de saúde para lidar com potenciais suicidas. Trata-se de uma resposta ao número de suicídios crescente e é uma mudança bem-vinda em relação ao tabu que cercava este tipo de comportamento.
O novo livro da Manole “Compreendendo o suicídio”, projeto de um grupo de psiquiatras do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, visa auxiliar o leitor a ampliar sua compreensão sobre este tema tão complexo, instrumentalizando médicos e demais profissionais da saúde a compreender e aliviar o sofrimento daqueles que se debatem e questionam o valor da própria vida.
Estudos mostram que a maioria dos indivíduos que morreram por suicídio foi afetada por transtornos mentais nos últimos meses da vida. Meta-análises de estudos que investigam taxas de transtornos mentais entre suicidas sugerem que até 90% tinham histórico de doenças mentais. Os transtornos do humor e, em particular, a depressão são a causa mais comum. Porém, o suicídio é um comportamento complexo que resulta das interações de vários fatores, incluindo fatores neurobiológicos, clínicos e ambientais que agem individualmente e fatores culturais, políticos, históricos e sociológicos que atuam na comunidade.
A primeira seção de “Compreendendo o suicídio”, intitulada “A face humanística do suicídio”, apresenta uma discussão sobre questões que vão desde a história do suicídio até os debates jurídicos e éticos contemporâneos sobre o direito de morrer. Já a seção “A face social do suicídio” aborda fatores sociais e epidemiológicos associados ao suicídio. Em outra seção se discute os fatores clínicos associados ao suicídio e o manejo do paciente suicida.
Os editores tomaram o cuidado de trabalhar a gama completa de assuntos relacionados ao suicídio e aos comportamentos suicidas. Dessa forma, o livro é uma ferramenta útil para estudantes e médicos, incluindo profissionais de saúde e pesquisadores.
Editores
Rodolfo Furlan Damiano é médico preceptor da Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), membro do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Pro-SER) do HCFMUSP, do Grupo de Pesquisa em Educação Médica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e, atualmente, é tutor da disciplina de Psiquiatria da FMUSP.
Alan Campos Luciano é médico psiquiatra, com residência de Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), doutorando em Ciências Médicas pela FMUSP e médico assistente do Hospital das Clínicas da FMUSP. Também é psiquiatra e docente do Programa de Ansiedade (AMBAN) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (IPq-HCFMUSP).
Isabella D’Andrea Garcia da Cruz é médica psiquiatra e preceptora da Graduação de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Hermano Tavares é professor-associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenador do Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (IPq-HCFMUSP).