Dores abdominais, sobretudo após a alimentação, alteração do ritmo intestinal, tanto em quadros diarreicos que persistem por vários dias quanto em constipação, e icterícia, que é a coloração amarelada na pele e nos olhos, são alguns dos sintomas mais comuns de doenças digestivas. Mas qualquer mudança no comportamento do organismo e no funcionamento do aparelho digestivo merecem atenção e são indicativos de que é preciso buscar atendimento médico para uma avaliação especializada. O alerta é do cirurgião do aparelho digestivo do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), do Rio de Janeiro (RJ), Douglas Bastos. Para o diagnóstico, realização de biópsias e até tratamento de algumas destas patologias, os especialistas contam com o moderno aparelho de ecoendoscopia digestiva ou ultrassonografia endoscópica, que é o que há de mais avançado na área.
As doenças do aparelho digestivo podem ser divididas entre clínicas e cirúrgicas. “Entre as de natureza clínica, as mais frequentes, sem dúvida alguma, são a gastrite, o refluxo gastroesofágico e a esteatose hepática, que é conhecida popularmente como gordura no fígado. Constipação e as doenças inflamatórias intestinais também são comuns”, enumera o especialista, que é coordenador do Centro Avançado Hepatobiliar do HSVP. Em relação às doenças que exigem uma abordagem cirúrgica, Bastos destaca a colelitíase, conhecida como pedra na vesícula, além de alguns casos de refluxo gastroesofágico e os tumores malignos do aparelho digestivo. “Dentre estes, destaco o tumor de cólon e de reto, que é bastante prevalente, mas pode ser detectado precocemente por meio do rastreamento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que toda a população acima de 50 anos faça o exame de colonoscopia para rastrear a presença de tumores”, alerta.
As doenças do aparelho digestivo podem ser diagnosticadas por meio da realização de exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia e ressonância e os exames endoscópicos: a endoscopia digestiva e a colonoscopia. “Mais recentemente, começamos a utilizar também a ecoendoscopia, um exame inovador que nos ajuda muito no diagnóstico das doenças, sobretudo as de maior complexidade”, adianta a coordenadora da Ecoendoscopia do HSVP, Olívia Luna.
A médica explica que o exame consiste na associação da imagem da ultrassonografia com a endoscópica. “Isso permite maior precisão tanto no diagnóstico quanto na avaliação do estágio da doença com maior efetividade, o que influencia na decisão sobre o melhor tratamento para cada paciente. Além de oferecer imagem mais precisa, a ecoendoscopia também possibilita a realização de biópsias e até tratamentos como a ablação de tumores pancreáticos e a drenagem das vias biliares. Por meio dele, podemos diagnosticar e tratar doenças como tumores benignos e malignos e patologias da vesícula biliar e do pâncreas, além de investigar endometriose profunda”, esclarece.
A adoção de hábitos saudáveis, com dieta balanceada e a prática regular de exercícios físicos, evita o surgimento de diversas doenças, entre elas as que atingem o aparelho digestivo. “Os fatores de risco para as doenças digestivas são comuns a diversas outras patologias, como as cardiovasculares e as metabólicas, como a diabetes. Estão relacionados à alimentação não balanceada, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, tabagismo e o sedentarismo”, afirma Bastos.