Dificuldades em Portugal levam cada vez mais médicos brasileiros para os EUA

Desde 2016, o número de brasileiros que decidiram morar em Portugal vem batendo recordes, e as estatísticas oficiais do governo português afirmam que aproximadamente 184 mil pessoas nascidas no Brasil vivem no país europeu. O aumento de cerca de 40% de brasileiros do que em anos anteriores se deve principalmente às crises econômicas e políticas que se agravaram no Brasil desde 2014.

Sem perspectivas de um futuro melhor no Brasil, muitos médicos brasileiros adotaram Portugal como novo lar, principalmente porque o país lusitano enfrenta uma falta sem precedentes de médicos no sistema público de saúde do país. Há pouco tempo, o governo português revelou que a quantidade de médicos que atuam em Portugal neste momento é suficiente para atender apenas 10% da população.

Porém, o que parecia um sonho para estes brasileiros tem se revelado um pesadelo, uma vez que o processo de validação do diploma de medicina para atuar na profissão em Portugal tem se mostrado desafiador, e até mesmo aqueles que atuaram na linha de frente do combate a Covid-19 na pandemia, se valendo de licenças temporárias, tem encontrado dificuldades em seguir trabalhando na área ou recebendo bons salários em Portugal.

A dificuldade em ter os diplomas reconhecidos em Portugal se deve principalmente a burocracia, que chega a exigir até 3 provas diferentes, além de longas checagens de antecedentes profissionais e criminais que podem levar até 1 ano para serem concluídas. Os altos valores cobrados pelas instituições portuguesas também foram reajustados em anos recentes, especialmente de 2018 para cá, afastando vários candidatos. Como se tudo isso não fosse suficiente, muitos médicos brasileiros acusam empregadores portugueses, tanto do setor privado quanto da rede pública, de discriminação contra profissionais estrangeiros.

Enquanto isso, os Estados Unidos vivem um momento completamente oposto. O país já demonstrou estar completamente recuperado da crise sanitária e econômica provocada pela pandemia, e todos os índices apontam para um crescimento recorde nos próximos meses. Para se ter ideia, cerca de 10 milhões de vagas de trabalho vem sendo criadas mensalmente nos EUA, desde julho de 2021, de acordo com dados do Departamento de Trabalho dos EUA (BLS).

“Assim como em Portugal, os EUA também sofrem com a falta de médicos e outros profissionais de saúde vitais para o país, como dentistas, enfermeiros e fisioterapeutas. Porém, o mercado de trabalho americano naturalmente oferece muito mais oportunidades, e apesar do processo de validação de diplomas para a América também ser burocrático, existe hoje um entendimento nos EUA de que o país precisa de médicos estrangeiros para dar conta da demanda que existe no já conturbado sistema de saúde pública americano, e por isso o governo americano vem flexibilizando muitas das exigências para que estas pessoas exerçam suas profissões nos Estados Unidos”, informou Rodrigo Costa, Especialista em Mercado de Trabalho nos EUA.

Outro profissional da área de saúde que encontra muitas oportunidades de trabalho nos Estados Unidos são os dentistas. O Brasil, considerado referência na área de odontologia, é um dos países que mais contribuem com a chegada de dentistas na América, mas dentistas brasileiros também precisam passar por um processo de validação de diploma e testes de conhecimento. Foi para atender a este publico que o Dr. Cristian Brutten, odontopediatra brasileiro, fundou a Migtech, empresa que, além da questão do diploma também auxilia na recolocação do dentista do mercado de trabalho americano.

“Há uma carência muito grande de profissionais de odontologia na América. Para que se tenha uma ideia, existe hoje uma taxa de 65,7 dentistas por 100 mil habitantes nos EUA. No Brasil, esse número chega a ser mais do que o dobro: 140 dentistas para cada 100 mil habitantes. O dentista brasileiro que deseja trabalhar nos EUA irá encontrar muitas possibilidades, especialmente aqueles com maior qualificação profissional e acadêmica”, destacou o Dr. Cristian.

Logicamente, além do diploma, é preciso possuir o status imigratório correto para trabalhar nos Estados Unidos. Seja para trabalhar temporariamente ou em definitivo, é fundamental estar em dia com as autoridades de imigração do país.

“O primeiro passo para qualquer profissional brasileiro que deseje morar nos EUA é conhecer quais são suas possibilidades de vistos e green cards. Existem muitos vistos americanos que concede o direito a residir e trabalhar legalmente na América não somente com base em empregos ou investimento, mas também com base no histórico profissional e acadêmico da pessoa”, pontou o Dr. Felipe Alexandre, advogado brasileiro/americano de imigração e também proprietário da AG Immigration, escritório americano responsável pelos processos de green card de centenas de brasileiros.

“Embora muitas pessoas no Brasil pensem em se mudar para Portugal, 9 a cada 10 brasileiros normalmente escolhem os Estados Unidos quando decidem começar uma nova vida no exterior, tanto pelas oportunidades profissionais quanto pessoais que o país oferece. Para médicos, esta decisão é ainda mais fácil ainda, pois claramente conseguir a chance de atuar como médico na América é bem maior e menos complicada, além de financeiramente muito mais recompensador do que em Portugal”, concluiu Felipe Alexandre.

Redação

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