A internação da mãe costuma durar menos de uma semana e o procedimento complexo é feito pela técnica de videocirurgia.
Quando as gestantes que recebem a orientação médica para a cirurgia de correção intrauterina da Mielomeningocele recebem essas informações, sempre se assustam. “Para elas, parece relativamente simples a solução para um problema de má formação congênita tão complexo como a Mielomeningocele”, explica Dr. Alexandre Silva e Silva, ginecologista e obstetra especialista em cirurgia minimamente invasiva.
A Mielomeningocele é um defeito n a coluna vertebral e na medula espinhal durante o desenvolvimento do bebê, que pode ser descoberto pelo ultrassom morfológico logo nas primeiras semanas de gravidez. “Quando essa patologia é constatada significa que a coluna vertebral, a medula espinhal e o canal da medula não se formaram normalmente. A Mielomeningocele é a doença mais grave relacionada ao tubo neural, que é a estrutura embrionária que dá origem ao cérebro e à medula espinhal”, explica Silva e Silva. Segundo o especialista, a má formação congênita pode ter sérias consequências neurológicas.
Também conhecida como espinha bifásica, a Mielomeningocele é percebida quando não ocorre o fechamento dos dois lados da espinha dorsal sobre a medula espinha l, os nervos e meninges que a acompanham, processo esperado no primeiro mês de gestação.
A exposição das meninges, da medula e dos nervos levam ao comprometimento neural, já que a coluna vertebral aberta, na maioria dos casos, deixa de cumprir com a principal função que é proteger a medula. “A medula espinhal constitui o tronco de tecido nervoso que liga o cérebro aos nervos periféricos do corpo. Se nasce exposta, muitos destes nervos podem ficar sem função ou traumatizados. Os órgãos que estão inervados pela medula também sofrem”, alerta o cirurgião especialista.
Entre as consequências mais graves estão: fraqueza muscular com possibilidade de paralisia, comprometimento dos sistemas urinário e fecal, pés deformados, quadris irregulares, escoliose e hidrocefalia.
Depois do exame morfológico do 1º trimestre confirmado entre 16 e 20 semanas de gestação já é possível decidir pelo tratamento intrauterino. “A literatura médica demonstra que os resultados são exponenciais quando a cirurgia é feita ainda na barriga na mãe, após o nascimento, o progresso não costuma ser o mesmo”, destaca o obstetra.
“Mães que passaram pela cirurgia minimamente invasiva estão hoje com bebês saudáveis e livres de graves prejuízos na funcionalidade. Mulheres que não imaginavam enfrentar uma cirurgia intrauterina para tratar um problema tão complexo e com a possibilidade de uma recuperação tão rápida graças aos avanços tecnológicos e a especialidade médica”, finaliza o especialista.
A Mielomeningocele, que pode provocar alterações de sensibilidade severas, comprometer o funcionamento da bexiga e do intestino além de provocar a perda de movimentos, pode ser corrigida quando tratada a tempo, ou seja, antes da vigésima sétima semana de gestação.