As Santas Casas e os Hospitais Filantrópicos desempenham um papel essencial no funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil. Mesmo sendo instituições privadas sem fins lucrativos, essas entidades atuam como grandes parceiras do poder público, oferecendo atendimento gratuito à população por meio de convênios com o SUS.
Esses hospitais são referência em diversas especialidades, como cardiologia, oncologia e neurologia, além de desempenharem importante papel na formação de profissionais da saúde. Também são fundamentais em emergências, como foi visto durante a pandemia de COVID-19, quando ajudaram a ampliar a capacidade de atendimento do sistema público.
A reforma da Norma Regulamentadora nº 1 (NR1), que estabelece disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, tem sido objeto de críticas por diversos setores, especialmente o da Saúde. Ao flexibilizar regras e enfraquecer mecanismos de prevenção, a reforma compromete não apenas os direitos dos trabalhadores, mas, também, a qualidade dos serviços prestados nos hospitais, instituições já sobrecarregadas e fragilizadas por uma rotina exaustiva.
Os hospitais, por sua própria natureza, são ambientes que exigem máxima atenção à saúde física e mental dos profissionais. Enfermeiros, técnicos, médicos e demais colaboradores enfrentam jornadas longas, lidam com sofrimento humano constante e atuam sob forte pressão. Neste contexto, a redução de exigências relacionadas à capacitação, ao gerenciamento de riscos e ao monitoramento das condições de trabalho — como propõe a nova NR1 — agrava ainda mais os fatores psicossociais que afetam esses trabalhadores.
Neste cenário, algumas situações corporativistas passam a querer “navegar nas ondas” para surfar por interesses próprios, sem pensar efetivamente no trabalhador. Outra crítica recorrente é sobre o pouco tempo para adaptação, especialmente para setores complexos como o da Saúde, em que a transição deve ser mais gradual para as Instituições e acompanhada de campanhas educativas. Só assim será possível garantir um sistema de saúde mais seguro, humano e eficiente.
Portanto, a reforma da NR1 representa um retrocesso nas políticas de proteção à saúde do trabalhador, especialmente no setor hospitalar. Em vez de flexibilizar normas, o que se espera é o fortalecimento de políticas que promovam o bem-estar físico e mental desses profissionais.
Edison Ferreira da Silva
Presidente do SINDHOSFIL