A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) publicou [1] no dia 7 de junho uma consulta pública para avaliar a incorporação de UPTRAVI® (selexipague) no sistema público de saúde. A terapia da Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, está sendo avaliada para pacientes adultos com Hipertensão Arterial pulmonar (HAP) em classe funcional 3 como alternativa à iloprosta, tratamento padrão para a doença. A HAP é uma doença rara, grave e progressiva, que atinge cerca de 5 mil brasileiros, principalmente indivíduos jovens, predominantemente mulheres a partir dos 30 anos e homens com mais de 40 [2].
“Nem todos os tratamentos para HAP aprovados hoje no Brasil têm cobertura no Sistema Único de Saúde (SUS), onde está concentrada a maior parte dos pacientes. A possibilidade de ampliação do arsenal terapêutico de forma gratuita pode possibilitar ao paciente um tratamento combinado, que traz benefícios para o controle da doença e consequente retomada da qualidade de vida” explica o Dr. Caio Fernandes, pneumologista da Universidade de São Paulo (USP). A HAP não tem cura, mas o tratamento tem o objetivo de melhorar os sintomas e conter o avanço da doença.
As terapias tradicionais incluem oxigenoterapia e medicamentos anticoagulantes, diuréticos e/ou vasodilatadores. Os tratamentos mais modernos se baseiam na combinação de duas ou mais terapias que atuem em vias diferentes para dilatar as artérias pulmonares e facilitar a função do coração em bombear o sangue. O objetivo da terapia combinada é levar o paciente para o quadro de menor risco, diminuindo os impactos dos sintomas e o risco de morte.
As principais diretrizes internacionais de tratamento para a HAP recomendam a terapia combinada inicial oral em pacientes de risco baixo ou intermediário (CF II – III da OMS) ou terapia combinada inicial que inclua análogos da prostaciclina em pacientes de risco elevado (CF IV da OMS). A terapia combinada dupla ou tripla sequencial é recomendada em pacientes que não apresentam resposta adequada à terapia combinada inicial ou à monoterapia inicial [3].
A consulta pública está disponível no site da CONITEC. Especialistas e sociedade civil podem enviar suas contribuições até o dia 27 de junho.
HAP
É uma doença rara, grave e progressiva que acomete os pequenos vasos sanguíneos da circulação pulmonar. Faz com que as artérias pulmonares (que realizam a comunicação entre coração e pulmões) estreitem, causando o aumento da pressão arterial nos pulmões e a dilatação do coração, podendo resultar em falha cardíaca e morte [4]. Os primeiros sintomas da HAP são leves e comuns a outras condições respiratórias mais frequentes ou conhecidas, que limitam a capacidade de respirar, por exemplo. Isso dificulta e frequentemente atrasa o diagnóstico. Desde o primeiro sintoma, o paciente pode demorar em média 2 anos para receber o diagnóstico correto [5] .
Para chegar ao diagnóstico, além da história clínica (sinais e sintomas que o paciente menciona), é necessário realizar testes, como o ecocardiograma, para avaliar o coração e outros exames que avaliam o pulmão. Finalmente, o cateterismo cardíaco direito é necessário e fundamental para fechar o diagnóstico. Embora seja mais comum em adultos jovens e em mulheres, a HAP atinge pessoas de todas as idades.
1- conitec.gov.br/images/Consultas/2021/20210602_Publicacao_DOU_CP51.pdf
2- DATASUS, Clinical Protocol Therapeutic Guidelines for Pulmonary Arterial Hypertension, em: portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/03/pcdt-hipertensao-arterial-pulmonar-2014.pdf
3- Sitbon O, et al. New Engl J Med 2015; 373:2522-33
4- Marion Delcroix, Luke Howard. European Respiratory Review 2015 24: 621-629; DOI: 10.1183/16000617.0063-2015
5- Sitbon O, et al. New Engl J Med 2015; 373:2522-33