O I Fórum Brasileiro de Importadores e Distribuidores de Produtos para a Saúde, em São Paulo (SP), realizado nos dias 25 e 26 de abril, pela Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI) marcou o lançamento de uma publicação inédita que revelou distorções na saúde. O estudo “O ciclo de fornecimento de produtos para a saúde no Brasil”, que se transformou em um livro, foi realizado com mais de 300 associados da ABRAIDI pela consultoria econômica Websetorial. As empresas participantes geram 13.600 empregos diretos e faturaram R$ 5,5 bilhões, em 2017.
O presidente da ABRAIDI, Sérgio Rocha, fez a apresentação do estudo, que constatou retenções de faturamento de cerca de R$ 0,5 bilhão, glosas previamente autorizadas de R$ 100 milhões e inadimplência de R$ 700 milhões no setor. “Valores que comprometem o fluxo de caixa das empresas”, disse Sérgio Rocha e completou: “precisamos encontrar soluções comuns. Os números são para que todos possam pensar. Não queremos criar confronto com ninguém, mas refletir sobre esses sérios problemas, que não podem mais se jogados para debaixo do tapete”.
Na abertura do Fórum, o sócio da Dextron Management Consulting, Celso Hiroo Ienaga, apresentou o painel “O cenário da saúde no Brasil e no mundo para os próximos anos”. Ienaga contou que as empresas e companhias estão investindo em novas soluções para minimizar gastos mundiais com saúde, que atualmente estão em US$ 7,1 trilhões e devem chegar a US$ 8,7 trilhões, até 2020. “No Brasil, gastamos muito com saúde e não sabemos se estamos gastando bem. O setor tem que ser olhado como um ecossistema com todos os players juntos na busca de soluções comuns”, defendeu o especialista.
O I Fórum da ABRAIDI ainda promoveu, no primeiro dia do evento, um amplo debate sobre o tema: “Como as distorções e o desperdício na saúde impactam todo o setor e o que fazer para reverter este quadro?”. A moderação foi feita por Celso Ienaga, da Dextron Management Consulting, e teve como participantes Walban Damasceno, diretor da ABIMED, Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da ABIMO, Patrícia Fucs, presidente da SBOT, Yussif Ali Mere Jr., presidente da Fehosp, Sandro Leal Alves, superintendente da Fenasaúde, Luiz Edmundo Rosa, coordenador Núcleo Saúde da ABRH Brasil e Sérgio Rocha, presidente da ABRAIDI.
Os participantes parabenizaram os dados levantados pela ABRAIDI. O representante da Fenasaúde afirmou que já existem movimentos na Federação da Saúde Suplementar para tentar mudar o modelo de renumeração com distribuidores e hospitais. “Estamos num formato antigo, cada um pensando na sua gaveta, o que é insustentável. Precisamos de um novo olhar para a saúde, que passa pela ética e pela cooperação”, afirmou o coordenador Núcleo Saúde da ABRH Brasil. Para a presidente da SBOT, existe um desperdício generalizado e uma sensação de desesperança em toda a sociedade. “Os hospitais que atendem o SUS estão sucateados e sofrem com a não otimização do recurso para a saúde”, completou Patricia Fucs.
“O desperdício no setor existe, mas é muito subjetivo. Como definir as bases e referências para evitá-lo?”, questionou durante as discussões o superintendente da ABIMO. “Todos têm medo de abrir a sua ‘caixa preta’, mas precisamos vencer as barreiras, informar valores e debater de forma ética”, completou Fraccaro. Para Walban Damasceno, o sistema está perto do colapso. “Vai surgiu um modelo disruptivo de saúde no mundo, como foi o Uber, para abocanhar um mercado bilionário e muita gente vai ficar pelo caminho”, previu o diretor da ABIMED.
O I Fórum Brasileiro de Importadores e Distribuidores de Produtos para a Saúde teve o apoio da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde – ABIIS, do Instituto Ética Saúde, da Hospitalar, da Heathcare Management e da South America Health Exhibition – SAHE.